Os capixabas querem o Banestes forte, público e estadual. Esse é o resultado da pesquisa encomendada pelo Sindicato e realizada na Grande Vitória pelo Instituto Flex Consult, que ouviu 400 pessoas nos municípios de Vitória, Serra, Vila Velha e Cariacica em novembro de 2007. Dos entrevistados, 70,75% são contra a privatização do banco. Quando a pesquisa faz referência à possibilidade de transferência da movimentação financeira do Banestes, incluindo as folhas de pagamento das prefeituras e do Estado, para outras instituições financeiras, esse percentual sobe para 83,25%. O Sindicato também testou um suposto argumento do Governo para justificar a privatização – de que a receita da venda do Banestes poderia ser usada para aplicação em infra-estrutura. Ainda nessa situação, 73,75% dos entrevistados se mantêm contra a venda do banco.
Além do levantamento quantitativo, o Sindicato também fez uma pesquisa qualitativa de profundidade abrangendo todo o Espírito Santo. Mais uma vez ficou claro que o Banestes faz parte da história dos capixabas. A presença do banco em todos os municípios, o que garante o acesso da população, em qualquer faixa de renda, aos serviços bancários, também é destacada pelos capixabas. O povo sabe que a má administração do Banestes colocou o banco em risco, mas lembra que a união dos mais diversos segmentos sociais garantiu a manutenção do banco público e a sua recuperação.
A solidez do Banestes aumentou a credibilidade do banco e dos clientes. Hoje o Banestes é considerado confiável, com um quadro de funcionários eficiente e qualificado, e um importante agente de microcrédito, precisando ampliar ainda mais seu trabalho social.
Ação sindical
O Sindicato está fazendo contatos com os prefeitos para buscar fortalecer ainda mais o Banestes e evitar a venda das folhas de pagamento e das contas municipais que hoje são movimentadas pelo banco estadual. A primeira reunião foi no dia 8 de abril, com o prefeito de Colatina e presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (AMUNES), João Guerino Balestrassi. Ele garantiu que não é sua intenção vender as contas da prefeitura.
“O Banestes é um banco com capilaridade, que chega bem a todas as comunidades. Temos que preservar o banco regional que hoje está superavitário e com lucro, financiando diversos programas de microcrédito e mudando o conceito de desenvolvimento, com foco também nos arranjos locais”, afirmou Balestrassi.
Segundo o presidente da AMUNES, instituições financeiras têm procurado as prefeituras com propostas financeiras para a compra das contas. Ele lembrou, no entanto, que o Governo do Estado tem dado a sua contrapartida para a sustentação dos municípios por intermédio de convênios para obras viárias e de infra-estrutura.
“A compra de folhas de pagamento e contas municipais pelo Banco do Brasil, como aconteceu em Vila Velha, faz parte de uma estratégia mercadológica prejudicial ao desenvolvimento regional, pois não há garantias de que esses recursos ficarão no Espírito Santo”, disse o presidente do Sindicato, Carlos Pereira de Araújo (Carlão).
As folhas de pagamento dos servidores públicos estaduais e municipais são importantes fontes de recursos para o Banestes. Em dezembro do ano passado, as folhas municipais totalizaram R$ 140 milhões 521 mil, atendendo 80.701 servidores – apenas a prefeitura de Afonso Cláudio não operava com o Banestes naquela ocasião, segundo dados do banco. As folhas das câmaras municipais, com 2.302 servidores, totalizavam R$ 4 milhões 154 mil. Já as folhas dos institutos de previdência municipais, com 7.864 servidores, deram um total de R$ 19 milhões e 39 mil. No Governo do Estado, a folha de dezembro ficou em R$ 334 milhões e 646 mil, com 94.790 servidores.
Vila Velha
O Sindicato solicitou no dia 19 de março ao prefeito de Vila Velha, Max Filho, audiência para tratar da venda das contas municipais. Até o momento a audiência ainda não foi marcada.