“Estamos trabalhando de graça, sem receber há dois meses, sem respostas, e sem poder arrumar outro emprego porque isso caracterizaria abandono e perda de direitos perante a Justiça”. Esse é o impasse vivido por dezenas de funcionários no Banco do Brasil em Dourados que procuraram o Dourados News para denunciar o caso, mas preferem não se identificar, por medo de represálias administrativas.
Segundo o grupo, a empresa Delta Locação de Serviços e Empreendimentos (com sede na Bahia), terceirizada do BB e que presta serviços de atendimento (telefonistas), simplesmente ‘sumiu’ e deixou todos a ver navios.
A empresa não teria cumprido cláusulas contratuais, o que acabou rompendo o contrato de prestação de serviços. Na prática, a Delta recebia o dinheiro para o pagamento de funcionários na instituição financeira, mas não fazia o repasse.
“Não fomos avisadas em momento nenhum que a empresa estava saindo, e o que foi repassado é que o banco teria que ter assumido o pagamento dos funcionários, o que também não aconteceu. Ocorre que estamos sem receber, e sem respostas, e essa é uma situação que não pode seguir assim. Dois meses de contas em atraso, correndo juros, é terrível”, disse uma telefonista de uma das agências (Dourados possui quatro agências: duas no Centro, uma no Parque dos Ipês e a Shopping).
Nesta quinta-feira (22) representantes do grupo de telefonistas das agências da cidade se reúnem com um representante do Sinttel/MS (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicação do Estado de Mato Grosso do Sul), para discutir que providências podem ser tomadas para garantir o recebimento dos trabalhadores.
Problema com empresa é nacional
Conforme notícia divulgada no dia 14 deste mês no portal do Senado Federal, o problema com a Delta é em todo o país.
Além desta empresa, a Adminas (com sede em Belo Horizonte), que também é terceirizada e presta serviços para entidades ligadas ao governo federal, é acusada de dar um ‘calote’ em funcionários apesar de terem recebido os recursos para pagamento de salários.
As empresas são, conforme a nota publicada, responsáveis pelo pagamento de funcionários nos Ministérios da Justiça, da Fazenda e da Integração, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
Ainda segundo a nota publicada, a assessoria do Senado Federal tentou contato com a Delta, mas não obteve sucesso. Já o assessor jurídico da empresa Adminas, Maurílio Ramos, explicou que a companhia está se valendo de uma instrução normativa do governo federal para que os órgãos que contrataram os serviços retenham as faturas que repassariam à prestadora para honrar os salários dos empregados lesados. Ele empurrou o problema para o governo, alegando que a companhia foi vítima de calote primeiro.
“Não houve encerramento das atividades da Adminas. Ainda estamos negociando com os órgãos para os quais prestamos serviços”, disse Ramos. Segundo ele, a empresa tem quatro mil funcionários.
“A inadimplência dos órgãos para os quais a firma presta serviço é o que pode levá-la a encerrar as atividades. Eles não pagaram a Adminas. Agora, devem fazer o acerto direto com os trabalhadores. Todos os órgãos já foram avisados”, disse o assessor, conforme a nota.