A Caixa Econômica Federal planeja captar ainda este ano cerca de R$ 500 milhões em títulos securitizados de crédito imobiliário. A instituição aguarda apenas a abertura de uma janela no mercado de capitais para lançar a primeira oferta pública de certificados de recebíveis imobiliários (CRI).
Diante da esperada expansão do crédito para a compra de imóveis, o vice-presidente de governo da Caixa, Jorge Fontes Hereda, disse que é “necessário” desenvolver uma fonte alternativa de captação de longo prazo, no mercado, para prover o funding da instituição.
Isso porque os recursos das cadernetas de poupança e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) são suficientes para suprir a demanda por crédito habitacional da instituição apenas pelos próximos dois ou três anos, segundo estimam especialistas.
Para que a securitização seja viável, porém, são necessárias algumas decisões importantes que estão sendo tratadas com o Ministério da Fazenda, de acordo com Heredas.
Um dos aspectos mais críticos é a exigibilidade da poupança. Os créditos securitizados teriam que ser contabilizados nessa exigência, pelo menos em um primeiro momento, para incentivar os bancos.
Outra questão se refere ao índice de remuneração da poupança, a Taxa Referencial (TR), que não agrada ao mercado. O mais simples seria fazer a emissão de CRI casada com uma troca de índice (swap) de TR com CDI. Mas, nesse caso, Hereda considera que o “custo seria inviável”.
Outra possibilidade é iniciar as securitizações com contratos voltados para a alta renda, que são mais curtos, que poderiam ser prefixados ou corrigidos por índices de preços.
“Em alguns meses vamos começar a emitir CRI para testar o mercado e construir um modelo operacional. Temos de estar preparados, pois em dois ou três anos será mais premente a securitização como fonte de recursos para a habitação”, considerou.
A relação entre o crédito imobiliário e o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil ainda é muito baixa, mesmo comparado a países em desenvolvimento, avaliou o vice-presidente. Nos últimos doze meses, houve uma forte expansão: o crédito habitacional saiu de 2,3% do PIB, para 3,2% do PIB, segundo dados do Banco Central.
Nesse ritmo, a expectativa da Caixa é de que, em cinco anos, o Brasil poderá atingir um estoque de empréstimos da ordem de 10% do PIB. Mas para chegar nesse patamar, adiantou, é preciso aprimorar o modelo de financiamento. “Ainda temos muito que caminhar”.