Valor Econômico
Fernando Travaglini de Brasília
A Caixa Econômica Federal fecha, a cada dia, 4,3 mil novos contratos de financiamento imobiliário, média de dois em cada uma das agências espalhadas pelo país. Os números começam a se aproximar do limite operacional da instituição e a pressionar a capacidade de originação. Para evitar que haja um gargalo, a Caixa começa a colocar em prática um novo modelo de correspondente imobiliário para desafogar a rede.
Em parceria com imobiliárias, o banco criou um padrão de atendimento semelhante ao usado no financiamento de veículos. A ideia é que o comprador vá até o ponto de venda, preencha uma ficha, que é enviada à Caixa, e receba a aprovação de crédito em até 48 horas, tempo bastante inferior à média atual, de 20 dias.
“Queremos oferecer o crédito nos locais em que o cliente procura pelo imóvel”, afirma Jorge Fontes Hereda, vice-presidente de governo da Caixa. Atuando junto às empresas, a oferta dos empréstimos se estende além do horário dos bancos. “A compra de um imóvel é uma decisão familiar e precisa funcionar sábado e domingo.”
A Caixa não é a primeira a buscar esse canal alternativo. O Itaú já faz isso, em parceria com a Lopes, assim como a BM Sua Casa, da Brazilian Mortgages.
A Caixa terá uma rede própria de correspondentes, basicamente por meio de acordos com imobiliárias. O Panamericano, banco em que a Caixa adquiriu participação no ano passado, também vai atuar como seu agente a partir de julho, com suas 200 lojas próprias.
Com os correspondentes, a Caixa espera aumentar a capilaridade e também a capacidade de originação. “Temos limites nas agências e também não podemos direcionar a rede exclusivamente para habitação”, disse Hereda.
A Caixa cresce a uma taxa bem acima do mercado. Até o dia 9 de junho, as concessões somam R$ 28,4 bilhões, volume superior a todo ano de 2008. A expectativa é fechar o semestre com volume contratado de R$ 30 bilhões. Como o segundo semestre é sempre mais forte, o volume poderia superar os R$ 60 bilhões no ano. O estoque total do sistema financeiro em crédito imobiliário é de R$ 100 bilhões.
Hereda enfatiza que nenhum dos critérios do banco será flexibilizado no processo. O correspondente fará apenas a entrada de dados do cliente no sistema. Toda avaliação de risco, da capacidade de pagamento e do imóvel continuam a cargo da Caixa.
Esse tripé é considerado essencial para garantir a baixa inadimplência na habitação. “Não vamos negligenciar as análises”, afirma. “O novo modelo contribui para a redução de custos e agilização do processo, uma vez que toda a parte operacional foi repassada ao correspondente e não induz a retrabalhos por parte das unidades da Caixa”, diz Teotonio Costa Rezende, consultor técnico da área habitacional da Caixa.
A instituição já concluiu o projeto piloto em oito Estados, que incluem grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, mas também polos menores, como Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Num primeiro momento, os correspondentes farão apenas operações relativas ao programa Minha Casa Minha Vida, já que os projetos são financiados pela própria Caixa, o que facilita a análise.