Caixa deve discutir nova capitalização com Tesouro Nacional

A Caixa Econômica Federal deverá discutir com o Tesouro Nacional uma nova capitalização para sustentar a expansão de sua carteira de crédito programada para este ano, sinalizou o vice-presidente de finanças da instituição, Márcio Percival.

Segundo ele, a Caixa tem hoje uma folga no seu índice de Basileia – principal indicador de capitalização bancária – que permite estudar alternativas à medida em que for sendo cumprida a meta de expandir o crédito entre 33% e 35% neste ano.

“Todo o nosso planejamento conta com processos constantes de capitalização”, disse ontem Percival, em entrevista ao Valor , antecipada no serviço de informações em tempo real Valor PRO. “Isso já está acertado com o nosso conselho de administração, nosso controlador. Haverá sempre o capital necessário para crescer dentro do nosso planejamento.”

Segundo balancete do primeiro trimestre, divulgado ontem, o índice de Basileia da Caixa subiu de 13% para 14,2% de dezembro e março e está acima do mínimo de 11% exigido pelas regras prudenciais brasileiras.

O princípio básico do índice de Basileia é fazer os bancos manterem uma proporção mínima de capital próprio em relação aos riscos a que estão expostos em empréstimos e outra operações, protegendo assim depositantes em caso de eventuais perdas.

Em parte, o aumento se deve à incorporação nos índices de capital do lucro do primeiro trimestre, de R$ 1,3 bilhão, que cresceu 12,5% em relação ao mesmo período de 2012.

Mas o aumento se deve, sobretudo, às mudanças recentes feitas pelo governo nas exigências legais de capital para cobrir riscos no crédito imobiliário, consignado e a grandes empresas. Sem elas, o índice de Basileia teria caído, ante o avanço de 8% na carteira de crédito no período.

“Há um ano, todos diziam que não haveria espaço para o crédito crescer”, disse Percival. A margem para a forte expansão da carteira, que chegou a 41% em 2012, foi garantida por uma capitalização do Tesouro. Em setembro de 2012, uma medida provisória autorizou a União a fazer um aporte de R$ 13 bilhões por meio de um instrumento híbrido de capital e dívida.

Hoje, a folga de capital da Caixa é um pouco maior do que no primeiro trimestre de 2012, quando o índice de Basileia estava em 12,8%. O ritmo previsto de expansão da carteira é, também, um pouco menos intenso neste ano do que no ano passado.

Percival disse que a Caixa também avalia uma captação no mercado internacional para ajudar a compor a base de capital.

A ideia é, neste ano, captar US$ 2,5 bilhões. Os planos iniciais eram fazer uma captação de cinco ou dez anos. Agora, o que está em estudo é um instrumento de dívida perpétua para compor o índice de Basileia. Para levar adiante essa possibilidade, está sendo feita uma avaliação jurídica e de custos.

Percival disse que “a Caixa tem procurado fazer uma gestão “eficiente do seu capital”. Isso significa que não é desejável ter altos índices de Basileia, na casa dos 16% a 18%, mas é preciso uma margem para dar conforto na execução do plano de negócios.

“O investimento do controlador na Caixa dá um retorno de 22,4%”, disse Percival, referindo-se ao retorno sobre o patrimônio do primeiro trimestre. “O controlador está valorizando o seu capital a uma taxa superior a outras alternativas de investimento.”

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