A Cabesp tinha até o final da tarde de sexta-feira 16 para responder notificação extrajudicial enviada pela Afubesp, mas não o fez. O documento solicita os estudos atuariais que nortearam a aplicação do exorbitante reajuste de 30,44% no Cabesp Família, em vigor desde 1º de maio.
O documento foi enviado no dia 5 de maio, depois da espera de 22 dias para o presidente da Cabesp e os representantes eleitos Ricardo Mitsouka e Getúlio Coelho respondessem correspondência de mesmo teor protocolada pela Afubesp, visando transparência à gestão.
Diante do silêncio da Caixa Beneficente, a Afubesp informa que tomará iniciativas que não serão divulgadas para não atrapalhar a estratégia de defesa de direitos. No próximo dia 31, haverá encontro no Sindicato dos Bancários de São Paulo para falar sobre Banesprev (especial Plano II) e Cabesp. “Conclamamos os usuários a participarem desta reunião para debater o tema e informarem-se sobre a estratégia da Afubesp de defesa dos usuários do plano Família”, informa Camilo Fernandes, presidente da Afubesp.
O encontro será às 10 horas, no último sábado deste mês, no Auditório Amarelo do Sindicato, que fica situado na Rua São Bento, 413, no centro da capital paulista.
“Sabemos que o problema é grande, que está prejudicando uma grande parcela de associados e que o tempo urge, mas reforçamos nossa posição de não poupar esforços para tentar uma solução”, comenta Camilo. “A Afubesp sempre esteve à frente na defesa do Banesprev e Cabesp, mesmo não tendo representantes eleitos apoiados por ela.”
Direito
Ter acesso aos estudos atuariais e vê-los analisados por um técnico, que represente os associados, é um direito dos usuários do Cabesp Família. É isso que a Afubesp pretende ao insistentemente reivindicar cópias dos documentos.
O advogado da associação, Anselmo Antonio Silva, explica que qualquer iniciativa jurídica a ser tomada deve estar bem embasada e para isso os documentos são fundamentais. “Precisamos ter a posse dos estudos para construir uma ação bem embasada, que garanta o convencimento do juiz”, explica o advogado. “Com as notificações estamos dando a oportunidade da Cabesp e dos eleitos esclarecerem a situação amigavelmente”.
Onde estão os eleitos?
A Afubesp vem pedindo esclarecimentos dos eleitos desde o anúncio do reajuste, ocorrido no início de abril. A primeira iniciativa foi por meio de contato telefônico para Mitsouka e Coelho. Ao invés de dar explicações, Getúlio, dirigente responsável pelo setor, mandou recado pedindo que a Afubesp consultasse a página da Cabesp na internet e repostas dadas a outras pessoas em outros fóruns de banespianos.
A postura se mantém com os usuários que os procuram. Ao invés de dar atenção personalizada, respondendo atenciosamente às questões – mesmo que ela não seja a que o beneficiário gostaria de ouvir – mostram seu descaso com o sofrimento das pessoas ao encaminhar a seguinte mensagem padronizada: “Segue arquivo PDF com esclarecimentos sobre o reajuste do Cabesp Família, disponível no site da Cabesp.”
“Eles não querem conversar. Ou têm medo dos associados, ou não sabem o que falar do aumento”, comenta o dirigente da Afubesp, Wagner Cabanal. “Eles fogem à responsabilidade ao não responder as questões e não dar transparência à gestão, algo que começou já na assembleia de prestação de contas da Cabesp, ocorrida em 29 de março, quando disseram que ainda não tinham o índice definido, mas que foi anunciado apenas dois dias depois”.
Aliás, o tema Cabesp Família nunca pode ser abordado em assembleias. Fugir à responsabilidade com aqueles que os elegeram parece ser prática comum das pessoas apoiadas pela Afabesp, entidade que tudo indica segue o mesmo preceito. É o que aponta a declaração enviada nesta sexta à Afubesp: “Fiquei muito decepcionada, quando em contato com a Afabesp, perguntando se poderiam fazer algo para nos ajudar, responderam grosseiramente que não poderiam fazer nada, pois a Cabesp é parceira deles. É nós o que somos? Nada! Cancelei minha associação com eles”, declara uma usuária do Cabesp Família.