Valor Econômico
Marli Lima, de Curitiba
A direção do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), controlado pelos governos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, quer buscar novas fontes de recursos para atender o crescimento da demanda por crédito. A instituição atua basicamente com repasses do BNDES, mas pediu recentemente ao governo federal verba adicional de R$ 1 bilhão para 2010, de outras fontes.
Há a preocupação de que, no prazo de três anos, seja atingido o teto da capacidade de financiamento permitido pelo BNDES. Por isso, outra possibilidade em estudo é o aumento de capital do banco, que teria de ser acompanhado pelos três Estados, ou captação de dinheiro em agências internacionais.
Os repasses do BRDE podem somar até sete vezes seu patrimônio líquido, que é de R$ 1,075 bilhão – e ele fechou 2009 com R$ 5,8 bilhões na carteira. No ano passado as operações do banco chegaram a R$ 2,23 bilhões, com crescimento de 43,5% na comparação com o exercício anterior, quando foram de R$ 1,559 bilhão.
Para o primeiro semestre de 2010 estão garantidos mais R$ 1,3 bilhão, o dobro do volume liberado para o período de janeiro a junho de 2009, e a intenção para o ano é ao menos chegar a R$ 2,5 bilhões em contratos.
Em 2009, por conta de aumento de provisão para operações de crédito, o lucro do BRDE caiu 50,4%, para R$ 51,3 milhões. Para 2010 o lucro previsto é de R$ 113 milhões.
O superintendente da agência de Curitiba, Carlos Olson, contou que em 2009 houve bastante demanda por capital de giro (18% das operações, contra cerca de 5% da média histórica), mas agora os recursos pedidos são para investimentos.
Em 2009, além da crise econômica, o BRDE teve de refinanciar R$ 260 milhões em dívidas de empresas que sofreram com as enchentes em Santa Catarina. A inadimplência, que chegou a 5% no primeiro semestre, está agora em 2%, segundo o executivo.
Embora os Estados tenham participações iguais na instituição, o Paraná foi o que mais realizou operações: R$ 1,05 bilhão. Em Santa Catarina foram R$ 552 milhões e, no Rio Grande do Sul, R$ 632 milhões.
Na opinião do presidente do BRDE, Airton Pissetti, trata-se de “uma demonstração da pujança paranaense e da preocupação do empresariado e dirigentes de cooperativas com o crescimento”. Do total financiado no Paraná, R$ 570 milhões foram para o setor agrícola. O último financiamento aprovado foi para a cooperativa Capal, de Arapoti (PR), no valor de R$ 29,4 milhões, para expandir as atividades.