Brasil de Fato: bancários em greve exigem fim das metas abusivas e assédio moral

Michelle Amaral,
da Redação

Funcionários de bancos públicos e privados iniciaram, nesta quarta-feira (08), uma greve nacional por tempo indeterminado. A paralisação foi aprovada em Assembléia Geral da categoria, na última terça-feira (07), e reivindica reajuste salarial e melhores condições de trabalho.

Os bancários pedem aumento de 5% do salário, mais valorização dos pisos, elevação do valor de distribuição da Participação nos Lucros e Resultados, vale-refeição e cesta básica maiores, segurança nas agências, mais contratações e fim de metas abusivas. Somados, o reajuste total defendido pelos bancários chega a 13%.

Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e coordenador do Comando Nacional, que orienta a greve, explica que a paralisação foi aprovada pela categoria por não terem chegado a um acordo com a Federação Nacional do Bancos (Fenaban) sobre as principais reivindicações, desde a paralisação de 24 horas realizada no dia 30 de setembro.

“A Fenaban não apresentou nenhuma nova proposta desde a última paralisação, por isso deflagramos a greve, por intransigência da Federação”, defende.

A patronal havia proposto à categoria um reajuste salarial total de 7,5%, que foi rejeitado, no dia 30, pelos bancários, os quais insistem num aumento total de 13%, compreendendo além do aumento nos vencimentos, as demais reivindicações de elevação de benefícios.

Freitas ressalta que a adesão à greve nacional é grande. “Em todo o país temos 148 sindicatos com agências em greve no setor público e privado. A taxa de adesão é bastante robusta”, conta.

Metas abusivas e assédio moral

Uma das reivindicações dos bancários é o fim das metas abusivas e do assédio moral por parte dos bancos. A categoria denuncia que os funcionários sofrem com a imposição de metas que não podem ser cumpridas e com o assédio dos superiores caso quando não alcancem os níveis de rendimento exigidos.

“Hoje, nas empresas em geral e, principalmente, nos bancos, temos uma pressão por pró-atividade que vai além dos limites humanos”, protesta Plínio Pavão, secretário de saúde da Contraf.

Ele explica que essa pressão por parte das direções dos bancos tem acarretado aos funcionários problemas físicos e psicológicos sérios.

“Cada vez que o funcionário senta no computador ele recebe e-mail do chefe cobrando as metas que ele ainda não atingiu, ou mesmo mensagens em seu celular. Ele (o bancário) está sempre debaixo de um sofrimento mental”, afirma Pavão.

O sindicalista pondera que as metas são necessárias, porém o modo como estão sendo empregadas pelas direções dos bancos é que está equivocado. “O consenso é que ter meta é normal. Na vida nós temos metas, quando somos contratados temos uma meta de trabalho diário, é preciso de um nível mínimo de participação para o recebimento pelo trabalho. Mas, o que se tem visto é que cada vez mais essas metas são colocadas como pressão. Por mais que se trabalhe, você nunca atinge essas metas e os patrões têm uma arma de opressão nas mãos”, completa.

Pavão defende que a reivindicação por mais contratações é justamente por causa de acúmulo de trabalho sobre os funcionários dos bancos, mas explica que isso não diminuirá o assédio moral através das metas abusivas que são estabelecidas.

“Os bancos não colocam essas metas para que elas sejam cumpridas, eles sabem que são inatingíveis. Ele (o banco) usa desse recurso para que o funcionário esteja preso por essa pressão. Isso (cumprimento de metas) a curto prazo gera resultados, mas a longo prazo causa adoecimento dos funcionários”, alerta.

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