O Bradesco pediu autorização ao governo para elevar de 14% para 45% o limite para a participação de investidores estrangeiros em seu capital votante, por meio das ações ordinárias (ON, com direito a voto). A razão para o pedido é que o banco vai lançar nos Estados Unidos um programa de American Depositary Receipts (ADRs) lastreados nos papéis ON da instituição.
De acordo com o diretor-vice-presidente executivo e de Relações com Investidores do Bradesco, Domingos Figueiredo de Abreu, porém, ainda não há previsão de lançamento desse programa nos Estados Unidos, pois depende de autorizações do governo.
O aumento de participação de estrangeiros no capital votante do banco precisa de um decreto presidencial – cada banco tem seu próprio limite, negociado caso a caso. Já o lançamento do programa de ADRs requer autorização do Banco Central. O pedido foi feito no último dia 25.
Abreu conta que o banco resolveu lançar o programa de ADR nos Estados Unidos pois notou que a diferença de preços entre seus papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) e ON estava muito grande. No fechamento do pregão de sexta-feira, por exemplo, chegou a R$ 6,58, com a PN cotada a R$ 31,62 e a ON a R$ 25,04. “Essa diferença já foi muito menor no passado, e cresceu nos últimos anos porque a liquidez das PNs aumentou muito”, disse o executivo.
O banco atribui o aumento da diferença de preços ao fato de os papéis preferenciais terem um programa de ADR nos Estados Unidos desde 2001.
Ajuste
Para o novo programa lastreado em ações ON, o executivo destaca que o banco não pretende emitir novos papéis. Vai usar os que já estão no mercado. “Acreditamos que o mercado vai se ajustar às ações emitidas. Quando lançamos o programa das PNs também não houve emissões”, diz Abreu.
Nas ações PN, não há limite de participação do investidor estrangeiro, pois esses papéis não dão direito a participar do controle da instituição financeira. Hoje, cerca de 60% desses papéis do Bradesco estão como lastro do programa de ADR. Logo após o lançamento, essa fatia era de cerca de 4%.
O aumento de participação de estrangeiros no capital e o lançamento do novo ADR não vai alterar a estrutura societária ou de controle do Bradesco, destaca Abreu. Segundo ele, o limite de participação de 45% deve ser alcançado no longo prazo.
Como o banco sentiu que haveria aumento de demanda pelos papéis ON com o novo programa de ADR, já resolveu pedir ao governo um porcentual maior de limite para os estrangeiros, para não ter que ficar ajustando o limite a toda hora.