A folha de pagamento dos servidores públicos de Pernambuco vai mudar de banco. A partir de fevereiro, o Bradesco vai gerenciar a conta salário de aproximadamente 215 mil funcionários ativos, aposentados e pensionistas do Estado.
Num leilão bilionário, realizado na manhã desta sexta-feira, dia 12, o Bradesco mostrou todo seu poder econômico e, por R$ 700 milhões, arrematou a folha de pagamento que pertencia ao Santander. A movimentação financeira da folha, atualmente, chega a R$ 6,2 bilhões por ano.
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco esteve presente ao leilão e acompanhou de perto cada lance. Segundo o diretor da entidade, Epaminondas Neto, Bradesco e Santander fizeram uma disputa acirrada pela folha de pagamento. Ao final, o Bradesco apostou alto e tirou as contas do banco espanhol.
“Ficamos preocupados com o resultado do leilão, porque o Santander já tinha estrutura e funcionários para administrar a folha de pagamento. Agora, vamos pressionar o banco para que não haja demissões. A falta de bancários nas agências e departamentos do Santander é gritante e defendemos que haja um remanejamento dos empregados responsáveis pela conta dos servidores, pois não há motivo algum para dispensas”, afirma Epaminondas, que esteve no leilão junto com o diretor do Sindicato Geraldo Times.
“Ao mesmo tempo que vamos pressionar o Santander para que não haja demissões, vamos cobrar do Bradesco a contratação de mais funcionários, já que agora o banco terá mais de 215 mil novas contas para administrar”, ressalta Geraldo. Ele lembra que o slogan da Campanha Nacional dos Bancários deste ano era “Pessoas em Primeiro Lugar” e que os dois bancos não podem colocar o lucro acima dos funcionários e clientes.
“Faltam bancários em praticamente todos os bancos, o que é um desrespeito com os funcionários, que têm de trabalhar dobrado, e com os clientes, que enfrentam filas quilométricas. O Sindicato vai intensificar a luta por mais contratações, principalmente no Bradesco”, diz Geraldo.
O leilão
O valor inicial da folha de pagamento tinha como preço mínimo R$ 610 milhões para o gerenciamento das contas por um prazo de cinco anos. A última licitação realizada pelo Governo de Pernambuco, em 2004, compreendia a contratação para gerenciar a Folha de Pagamento, a Conta Única do Estado e o Pagamento de Fornecedores.
Na época, o Bandepe, privatizado para o Real que posteriormente foi comprado pelo Santander, venceu o processo e pagou, por cinco anos do contrato, o montante de R$ 240 milhões.