Bradesco: mobilizações de Natal em Pernambuco

A Campanha de Valorização dos Empregados do Bradesco está de volta. Em Pernambuco, o mote é: “Eu acredito em Papai Noel. No Bradesco, não”. Desde as últimas semanas de novembro, os diretores do Sindicato percorrem as agências do banco. Em xeque, o contraste entre a PLR – Participação nos Lucros e Resultados paga e o lucro do banco. Em cena, mais uma vez, as reivindicações por um PCS – Plano de Cargos e Salários justo e auxílio-educação.

No panfleto distribuído aos trabalhadores, um papai Noel, gordo de lucros, com um saco de presentes bem magrinho, passeia sobre os ossos de seus empregados. Em 2008, o lucro foi de R$ 6,015 bilhões de janeiro a setembro: 3,4% a mais que no ano passado. A parte que foi distribuída contrasta com estes números. A primeira parcela da PLR teve adicional de apenas R$ 173. “Ao contrário de outros bancos, que possuem algum benefício que valoriza o trabalhador, o Bradesco se limita a cumprir a convenção”, afirma o secretário de Finanças do Sindicato, Leonardo Espíndola, representante do Nordeste na Comissão de Organização dos Empregados.

O número de demissões, assim como o perfil dos demitidos, contradiz as informações prestadas pelo banco em seu relatório de sustentabilidade. Só em Pernambuco, 43 bancários foram postos na rua de janeiro a novembro, a maioria deles com mais de 10 anos de serviços prestados. “O Bradesco fala em gente valorizada, mas é o único banco privado que não oferece auxílio-educação para seus funcionários. Diz que tem o melhor ambiente de trabalho, mas não aposenta ninguém, nem tem um Plano de Cargos e Salários que permita aos bancários progredirem dentro da empresa”, afirma Leonardo.

As contradições do Bradesco se expressam em seu relatório de sustentabilidade, disponível no próprio sítio eletrônico do banco. Para medir a satisfação do trabalhador, usa como ferramenta uma pesquisa interna, que ignora qualquer tipo de interferência ou pressão nos resultados e respostas. Os próprios números citados no documento são esclarecedores. A taxa de rotatividade, por exemplo, cresceu de 2007 para 2008. Assim como aumentaram os doentes ocupacionais. Negros são, apenas, 1,58% dos empregados. E o tempo médio de serviço é inferior aos 10 anos. Ou seja, os dados da própria empresa confirmam as denúncias do movimento sindical e revelam que não há motivos para o funcionário se sentir valorizado.
Pesquisa do Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, realizada no início do ano, avaliou o comportamento dos principais bancos brasileiros em relação às relações com seus trabalhadores, consumidores e meio-ambiente. Todos foram reprovados. Em uma escala de 1 a 5 pontos, nenhuma das oito instituições pesquisadas obteve mais que três. O Bradesco, por exemplo, ficou com 2,60.

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