A situação de isolamento de cerca de seis funcionários mostra como o problema do assédio moral está institucionalizado no Bradesco. De acordo com denúncia recebida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, trabalhadores que voltam de licença ficam sem função no Telebanco Cidade de Deus. Durante o expediente, a única alternativa dada pelo banco a esses bancários é ficar em uma sala assistindo televisão.
“Durante as seis horas e quinze minutos do dia ficamos sentadas assistindo televisão. A todo instante somos obrigados a ouvir comentários desagradáveis de colegas. Sinto-me péssima. Somos taxadas de funcionárias que não querem trabalhar. Existem pessoas que dizem: quem mandou ficar doente? Não escolhi ter problema de saúde e estamos ali aguardando que nos readaptem a uma nova função e não para ficar o meu dia todo trocando receita pela TV”, desabafa uma bancária que não será identificada.
Uma outra funcionária na mesma situação diz que já procurou representantes do banco diversas vezes, mas que a resposta é sempre “não tem vaga em nenhum lugar”. “Isso já me levou à depressão e fui obrigada a me afastar novamente. Eles querem que eu peça a conta”, revela.
O Sindicato já cobrou uma solução do banco que respondeu que está estudando forma de realocação desses bancários.
“O que está acontecendo no Telebanco Cidade de Deus é uma clara situação de assédio moral. O Bradesco está promovendo uma verdadeira violência psicológica ferindo a dignidade desses trabalhadores. Hoje o banco fala tanto em responsabilidade social, inclusive investe na certificação SA- 8000, mas a prática mostra-se totalmente diferente com essas atitude”, afirma a funcionária do Bradesco e diretora da Contraf-CUT Patrícia Fitipaldi.