Desde a criação do programa, há quatro anos, 60 mil famílias pediram para deixar de receber o benefício. Não precisam mais.
Uma estatística recém-divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Social derrubou outra tese defendida pelos críticos mais ferrenhos do Bolsa Família: a de que o programa alimenta a vadiagem do povo brasileiro. Desde a sua criação, há quatro anos, 60.165 famílias beneficiadas pediram voluntariamente o seu desligamento. “É a prova de que os pobres não estão se acomodando”, avaliou o ministro Patrus Ananias.
Nos últimos dias, trechos de cartas encaminhadas por ex-beneficiários, a solicitar o cancelamento dos pagamentos, ganharam as páginas dos jornais. Alguns trazem relatos comoventes, como o da ajudante de serviços gerais Sueli Miranda, de 47 anos, reproduzido pelo diário O Estado de S. Paulo: “Bom dia! Eu, Sueli Miranda de Carvalho Silva, venho, por meio destas linhas, agradecer os idealizadores do Bolsa Família, os anos que fui beneficiada. Ajudou-me na mesa, o pão de cada dia. Agora, empregada estou e quero que outro sinta o mesmo prazer que eu, de todo mês ser beneficiada. Obrigada”.
Mais da metade dos pedidos de desligamento (34.185) vieram de famílias residentes nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. De acordo com Rosani Cunha, secretária nacional de Renda e Cidadania, a justificativa mais comum para o pedido de cancelamento do benefício é o aumento da renda familiar.
Atualmente, o programa Bolsa Família atende 11,2 milhões de beneficiários em todo o País. A secretária garante que o cadastro está em constante renovação. Desde junho de 2006, informa, quase 2,7 milhões de famílias deixaram o programa, seja por vontade própria, seja em razão de inadequações apresentadas por auditorias.