Bolivianos vão às ruas contra racismo, pela dignidade e pela unidade nacional

Uma multidão de 50 mil bolivianos tomou o centro de La Paz em protesto contra o racismo na Bolívia, que se manifestou em Santa Cruz durante o referendo separatista, com agressão contra os que defendiam a unidade do país e as medidas populares de Evo Morales, principalmente a Reforma Agrária e outras que resgatam o papel social e econômico dos índios e negros na Bolívia.

“Pela Dignidade e Unidade da Bolívia”, eram os dizeres de milhares de cartazes carregados na manifestação. A Federación de Juntas Vecinales (Fejuve), uma das entidades que convocaram o ato, declarou em documento que os agressores em Santa Cruz são “grupos fascistas que mostraram seu verdadeiro rosto racista, discriminador e intolerante”. A Fejuve censurou a “estratégia dos inimigos da transformação do país”.

Convocada por entidades que integram o Movimento Afroboliviano, além da Central Obrera Regional (COR), o ato – que cercou a embaixada dos EUA na Bolívia – também se manifestou contra o asilo dado pelo governo Bush a Carlos Sánchez Berzain, ex-ministro de Defesa boliviano processado, junto com o ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, por genocídio e peculato.

Repudiados pela população, os dois se refugiaram nos Estados Unidos no mesmo dia em que esse governo foi derrubado, em 17 de outubro de 2003, em meio de um forte levante popular na cidade de El Alto, próxima à capital La Paz, em repúdio à decisão de exportar gás aos Estados Unidos por preço vil e através de portos chilenos, país com o qual a Bolívia mantém um problema antigo em relação a uma saída ao Pacífico.

Aquele protesto foi reprimido de forma criminosa com saldo de 65 mortos e mais de 400 feridos, para os quais a população de El Alto, que era a maioria do ato desta terça-feira, exigiu justiça.

A indignação de estudantes, camponeses e trabalhadores urbanos foi desatada depois que Sánchez Berzain disse publicamente, na semana passada, que obteve condição de refugiado político de forma oficial há mais de um ano.

O presidente Evo Morales solicitou na véspera que o governo dos Estados Unidos não passe por cima dos problemas causados por esses fugitivos. “Os Estados Unidos falam de direitos humanos, falam em luta contra o terrorismo, falam em honestidade. Se protegem aqueles que fizeram muito dano a Bolívia, danos econômicos, danos aos direitos humanos, deixam claro que é tudo da boca para fora. Que usam prepostos como Sánchez Berzain e Sanches de Lozada para impor seus interesses acima de nossos países. Eles têm que ser julgados”.

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