O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, perderam a oportunidade de explicar à população porque os órgãos são contrários ao pagamento das perdas nas cadernetas de poupança, ocasionadas pela aplicação inadequada que os bancos deram aos Planos Bresser e Verão.
Convidados, eles não compareceram à audiência pública, convocada pela Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara dos Deputados e realizada nesta quarta-feira, dia 5, em Brasília. Também não encaminharam representantes como fez Fábio Barbosa, presidente da federação dos bancos (Febraban), que indicou o economista chefe da entidade patronal, Rubens Sardenberg, para falar pelos bancos.
O representante da Febraban foi cobrado durante a audiência para que os bancos apresentem o número real de ações ingressadas pelos poupadores e o montante financeiro que elas representam. O custo potencial das decisões judiciais estimado pelas instituições financeiras varia entre R$ 180 bilhões e R$ 105 bilhões.
Os números são astronômicos, mas bem distantes dos R$ 8,8 bilhões provisionados nos balanços dos sete maiores bancos do país em 2008, para todas as ações cíveis (que incluem as das perdas da poupança).
Apesar de todas as decisões judiciais até o momento favorecerem aos poupadores, Sardenberg afirmou que a Febraban continua questionando o mérito das ações.
Tem de pagar
Para o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, que falou na audiência, sejam quais forem os valores, os bancos têm condições de pagar o direito aos poupadores. “Os bancos provisionaram crédito de liquidação duvidosa bem acima do exigido pelo BC e muito abaixo do que divulgaram como necessário para honrar as ações. Logo, têm condições de ressarcir os clientes”, disse. Ele avalia como positiva a audiência pois, pela primeira vez, as discussões sobre as perdas com os planos econômicos tomaram proporções públicas.
A Comissão de Defesa do Consumidor informou que irá convocar (e não mais convidar) Henrique Meirelles e Guido Mantega para nova audiência. Representantes de órgãos de defesa do consumidor, entre eles o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), que desenvolve ação conjunta com o Sindicato, também participaram da audiência na Câmara.