BC do Reino Unido cria novo imposto de 50% sobre bonificações dos executivos

Financial Times
Chris Giles

Um alto representante do Banco da Inglaterra afirmou que se, de fato, alguns bancos migrarem ao exterior em resposta ao endurecimento da regulamentação no Reino Unido, seria um preço que poderia “valer a pena pagar” para proteger a reforma do sistema financeiro na esteira da crise de 2008.

Os comentários de Andy Haldane, diretor de estabilidade financeira do banco central, em entrevista ao BBC World Service, transmitida na sexta-feira, certamente amplificarão as tensões entre as autoridades e o setor financeiro.

Os bancos britânicos vêm atacando o governo pelo novo imposto de 50% sobre as bonificações, argumentando que as autoridades poderiam obrigar um valioso setor doméstico a mudar-se a outros países que ofereçam condições melhores.

Haldane afirmou que, mesmo se as autoridades não conseguirem persuadir outros países dos benefícios, haverá vantagens para o Reino Unido em agir sozinho no reforço da regulamentação.

“Parte das desvantagens de possuir um grande sistema financeiro agora é evidente para todos. Seria uma infelicidade se parte disso migrar para o exterior, mas tendo em vista os custos de carregar esse sistema financeiro, pode ser um preço que vale a pena pagar”, disse.

Em seu Relatório de Estabilidade Financeira, semestral, divulgado na quinta-feira, o banco central deixou claro acreditar que as recentes estabilização e lucratividade do sistema bancário pouco se devem à habilidade dos executivos dos bancos.

O Banco da Inglaterra avaliou que a perda temporária de competitividade nos serviços financeiros vista desde o início da crise permitiu aos bancos, especialmente os grandes bancos de investimento, elevar preços e aumentar seus lucros.

O setor deveria usar os lucros extraordinários gerados neste ano para desenvolver proteções contra choques futuros, em vez de dar o dinheiro a funcionários e acionistas, destacou o Banco da Inglaterra. A instituição também alertou para provável risco de que o futuro não seja tão tranquilo como os dias de dinheiro fácil dos últimos nove meses e que “os bancos deveriam aproveitar as condições de mercado favoráveis”.

A implicação de armazenar os lucros para quando for necessário é que os bônus e dividendos deveriam ser “materialmente mais baixos do que no passado”, acrescenta o informe.

O banco central informou que se os custos com pessoal fossem reduzidos em 10% e o pagamento de dividendos, em cerca de 30%, “os bancos do Reino Unido aumentariam as reservas acumuladas para perto de 70 bilhões de libras esterlinas nos próximos cinco anos”.

O valor é superior ao custo que os contribuintes tiveram com a recapitalização dos bancos necessária até agora com a crise.

Apesar das duras palavras, altos funcionários do Banco da Inglaterra reconhecem que as autoridades ainda precisarão de anos para ter condições de cogitar a falência de alguma grande instituição, em vez de resgatá-la, como ocorreu em 2008.

Insistem, contudo, que os reguladores e bancos centrais mundiais querem assegurar que as instituições bancárias enfrentarão, em algum momento, a perspectiva de que os contribuintes possam não voltar a sustentar suas atividades.

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