Valor Online
Azelma Rodrigues
BRASÍLIA – O novo presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, participou há pouco de teleconferência com analistas financeiros junto com o presidente demissionário Antonio Francisco de Lima Neto e tentou tranquilizar o mercado sobre sua futura atuação. “O Banco do Brasil vai, sim, ter um foco mais agressivo no aumento do crédito e transformar ameaças em oportunidades”, disse ele. Segundo Bendine, com a crise global, “2009 será um ano ainda mais desafiador para o sistema financeiro”. Ele admitiu que assumiu um contrato de gestão com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, “para destravamento do crédito e perseguição de taxas cada vez mais competitivas, a fim de ocupar mais espaço no mercado”.
Sobre a preocupação dos acionistas em relação à colocação do controlador do BB (o governo) de que banco público não deve, necessariamente, perseguir a lucratividade nos mesmos níveis do setor privado, Bendine preferiu uma resposta evasiva. ” O nosso controlador está ciente de que o banco é uma bela ferramenta de suporte ao desenvolvimento e vamos atuar com muita calma e transparência para maximizar resultados”, sustentou.
A maioria dos analistas queria saber qual política o atual vice-presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo do BB pretende implantar para baixar os juros a partir do próximo dia 23, quando ele assume o comando do segundo maior banco do país. Bendine afirmou que “nada muda” na estratégia de avaliação correta de risco, de modo a não comprometer os níveis de inadimplência do banco estatal.
“Nossa agressividade não será na redução do rigor da análise de crédito”, afirmou Bendine. “É meu compromisso manter o Banco do Brasil na sucessão de rentabilidade com responsabilidade, qualidade e transparência “, continuou.
Os analistas também quiseram saber sobre a segunda tarefa anunciada por Mantega que será exigida como meta de Bendine: a redução dos spreads, que são a diferença entre o que o banco paga para captar recursos e as taxas que cobra nos empréstimos.
“Vamos, sim, buscar taxas bastante competitivas em 2009 “, comentou Bendine, emendando que o spread não é algo que se reduz “de uma forma desorganizada”. “Não é isso, de forma alguma “, prosseguiu. Ele afirmou também que as metas gerais já divulgadas pelo banco para este ano serão perseguidas, ” caso não haja nenhum solavanco ” no caminho.
Para tentar dissipar as percepções de ingerência política do governo na direção do banco estatal, Bendine também disse repetidas vezes que o BB não pretende abandonar as práticas de boa governança corporativa, às quais se comprometeu formalmente ao ingressar no Novo Mercado da Bovespa. ” Não se muda isso bruscamente, sem uma discussão ampla, e não pretendo fazer isso ” , afirmou, voltando a se comprometer com a ” transparência ” na política do banco.
Elogiado por Bendine, Lima Neto limitou sua participação na teleconferência à apresentação de uma lista de feitos durante seus dois anos de gestão, aproveitando para fazer sua despedida.