BB persegue sindicalistas no Paraguai

Os trabalhadores do Banco do Brasil no Paraguai vivem uma situação bastante difícil. O banco tem utilizado práticas violentas na perseguição a sindicalistas, além de pouco contribuir para o desenvolvimento do país vizinho. O relato foi feito por sindicalistas do país durante a mesa específica do BB durante a 3ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais, ocorrida hoje, dia 23, na sede da Contraf-CUT.

O Banco do Brasil persegue, demite e maltrata seus funcionários no Paraguai. O assédio moral é uma prática comum, principalmente contra os trabalhadores sindicalizados. Chegaram ao limite de demitir dirigentes sindicais, que são protegidos por estabilidade pela lei paraguaia. “Suspenderam o secretário-geral (equivalente ao presidente) do nosso sindicato”, indigna-se Jose Tomas Rodriguez, secretário de integração da Central Unitaria de Trabajadores do Paraguai.

Os diretores do banco ignoram as leis paraguaias, as diretrizes da OCDE (que orientam o comportamento de empresas multinacionais e das quais o Brasil é signatário) e as convenções da OIT. Os administradores se comportam como reis no país. Atuam de forma independente e desrespeitam as leis, causando prejuízos a trabalhadores, clientes e ao próprio banco, que sofre com desgastes em sua imagem e pode vir a acumular um passivo trabalhista enorme.

No início deste ano, acordo foi assinado com a mediação do Ministério Justiça e Trabalho que, entre outras coisas, previa aumento salarial e a assinatura por parte do BB do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). No entanto, o BB está desrespeitando o combinado e se nega a assinar o ACT, vencido desde o final de 2006. Este e outros aspectos da legislação do país têm sido ignorados pelo banco e existem quatro ações de trabalhadores contra o banco correndo na Justiça.

Investimento

Além de maltratar seus empregados, o banco pouco tem contribuído com a economia do país. O Banco Central do Paraguai está pressionando o BB para que cumpra seu papel de intermediação financeira. “As operações do banco são vegetativas, não há investimentos”, explica Diego Hermosa, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores do Banco do Brasil no Paraguai. “Para se ter uma idéia, em Assunção, capital do país, o BB tem menos de dez clientes de crédito”, revela.

O Fundo Estrutural do Mercosul (FOCEM), com US$ 80 milhões, é administrado pelo BB paraguaio. No entanto, o banco não investe para mobilizar esses recursos. Para se ter uma idéia das estranhas decisões tomadas pelo BB paraguaio, o Banco no Paraguai recusou as contas salário dos trabalhadores da usina hidrelétrica de Itaipu e da Petrobras, disparado as maior empregadoras da região.

A questão se reveste de um significado maior quando se olha a situação dos dois países no Mercosul. O Brasil é o maior parceiro comercial do Paraguai no bloco. A economia de nosso vizinho é pequena em relação à brasileira e bastante dependente dela. “O Brasil quer assumir um papel de liderança de toda a região. Pois para isso precisa investir nos países vizinhos, promover desenvolvimento. O Banco do Brasil, como braço financeiro do governo brasileiro, precisa ser parte importante desse processo”, defende Osmar Marecos, secretário geral adjunto do Sindicato dos Trabalhadores do Banco do Brasil no Paraguai.

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