BB DTVM terá base em Dublin para fundos voltados ao mercado internacional

Valor Econômico
Vera Brandimarte, Tatiana Bautzer e Angelo Pavini, de São Paulo

A BB DTVM, braço de gestão de recursos do Banco do Brasil (BB), está abrindo uma representação em Dublin, na Irlanda, para lançar fundos voltados para o mercado europeu e internacional e que servirão também para carteiras locais aplicarem no exterior.

Segundo o presidente da BB DTVM, Carlos Massaru Takahashi, o processo depende das autoridades irlandesas, mas a representação deve estar funcionando até o fim de abril. O objetivo é aumentar a internacionalização da gestora. “Somos líderes no Brasil e agora queremos crescer no exterior”, diz.

Dublin foi escolhida porque, assim como Luxemburgo, é uma praça financeira importante e um paraíso fiscal que oferece vantagens em relação a Ilhas Cayman, por exemplo, por ter uma regulamentação mais restrita.

A partir de Dublin, a BB DTVM poderá oferecer fundos offshore para investidores internacionais, fundos locais em países europeus e até carteiras voltadas para fundos brasileiros, que agora podem aplicar parte de seus recursos no exterior. “Uma ideia é criar carteiras para os fundos de pensão chilenos, por exemplo, que só podem investir em carteiras com sede em países com regulação especial, caso de Dublin e Luxemburgo”, diz Takahashi.

Inicialmente, os fundos no exterior serão exclusivos para investidores qualificados e, mais adiante, a BB DTVM vai pedir autorização para oferecer também fundos para o varejo. “Temos uma operação de banco de varejo local em Portugal, já com quatro agências, onde podemos começar também a oferecer fundos depois de autorizados”, lembra Takahashi. Nos Estados Unidos, onde o banco também está procurando criar uma instituição de varejo local, será preciso criar outra estrutura, explica .

Além da Europa, a BB DTVM está interessada em ampliar a presença na Ásia, oferecendo fundos de ativos brasileiros para investidores locais. A gestora já está presente no Japão via parceria com uma instituição local, que distribui um fundo misto de ações e renda fixa que acumula um patrimônio de R$ 150 milhões.

As conversas incluem Tailândia, Coreia do Sul e China. “Tivemos reuniões com representantes de instituições chinesas e eles estão interessados no Brasil em setores como turismo e bancos”, diz. Há também contatos com investidores de alta renda do Oriente Médio, especialmente Qatar e Kuait.

Além do crescimento da carteira, as parcerias devem ampliar também a capacidade de gestão da BB DTVM ao trazer para o Brasil técnicas usadas no exterior, diz Carlos José da Costa André, diretor executivo. “Ao atender aos padrões desses investidores, teremos de nos adaptar e elevar nosso nível de gestão”, diz.

As parcerias e a nova operação em Dublin também facilitam a escolha de ativos para entrar em carteiras de fundos locais com permissão para investir até 20% do seu patrimônio no exterior.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou todos os fundos a aplicarem até 10% de seus recursos fora do Brasil, percentual que sobe para 20% no caso dos multimercados.

Embora a crise tenha afetado mais os países desenvolvidos, Takahashi acredita que valeria a pena comprar para os fundos, por exemplo, ações de companhias em setores que não estão representados na bolsa brasileira, como uma forma de diversificação.

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