Valor Econômico
As estatais federais Banco do Brasil e Petrobras melhoraram a remuneração de diretores executivos, o que contribuiu para reduzir a distância drástica que existe entre os valores pagos por essas empresas e seus concorrentes do setor privado.
No caso do BB, que tem 37 diretores estatutários, a remuneração média total prevista por executivo deve ficar em R$ 1,03 milhão nos 12 meses entre abril deste ano e março de 2012, com aumento de 17% em relação ao que foi pago no período igual imediatamente anterior.
Apesar da alta, o montante ainda é bastante inferior ao valor de R$ 7,6 milhões pago em média a diretores do Itaú, de R$ 4,3 milhões do Santander e R$ 3,4 milhões no caso do Bradesco.
Na estatal de petróleo, o valor médio a ser pago aos sete diretores pode chegar a R$ 1,4 milhão em 2011, montante 21% maior que a remuneração desembolsada no ano passado.
Na OGX, empresa do segmento de óleo e gás controlada pelo empresário Eike Batista, a remuneração média dos diretores foi de R$ 9,9 milhões – ainda que a maior parte tenha sido em um plano de opções de ações, que não representa dinheiro vivo para os executivos. Dois dos diretores da empresa trabalharam durante anos na Petrobras.
Nos dois casos, a diferença se explica basicamente por uma parcela maior de remuneração variável, sendo que o salário fixo praticamente acompanhou a inflação, com reajuste de 6% a 7%.
Segundo o Banco do Brasil, o aumento da remuneração variável destinada à diretoria como um todo, de R$ 10,6 milhões para R$ 15,0 milhões, se explica principalmente pela fixação de um valor de R$ 6,5 milhões para pagamento na forma de bônus, que se somará a uma participação nos lucros e resultados calculada em R$ 8,5 milhões. Em 2010, o bônus foi de R$ 1,3 milhão, para uma participação em lucros e resultados de R$ 7,6 milhões.
Esse aumento teria ligação com a regulamentação do Banco Central para remuneração em instituições financeiras, que entra em vigor apenas em 2012, e que estabelece regras para pagamento de remuneração variável.
O investidor que olhar apenas a proposta de remuneração que a diretoria do BB levou à assembleia de acionistas, disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários, encontrará números diferentes. Lá, o banco informa que a diretoria recebeu R$ 26,18 milhões em 2010 e que a proposta para o período de abril deste ano a março de 2012 é de elevar o valor para R$ 41,904 milhões.
Embora esses tenham sido os dados divulgados, a assessoria do BB disse que o primeiro número se refere ao ano fechado e por isso não pode ser comparado ao segundo, que será pago em 12 meses a partir de abril, e que teve o valor modificado. Vale então a verba de R$ 32,4 milhões aprovada para pagamento de diretores e conselheiros na assembleia de 2010 – e que se aproxima do valor executado em 12 meses até março deste ano – e o montante de R$ 38,5 milhões votado no encontro de acionistas deste ano.
O valor global aprovado ficou abaixo do previsto na proposta da administração porque foi vetado um reajuste de 25% na parcela fixa dos diretores.
A Petrobras não deu detalhes sobre quando começou a pagar bônus a seus executivos, além da participação nos lucros. Depois de não pagar nenhuma remuneração desse tipo em 2009 – primeiro ano em que as informações foram publicadas -, a estatal distribuiu R$ 600 mil para a diretoria no ano passado. Neste ano, o montante distribuído pode chegar a R$ 1,4 milhão.
Em nota, a empresa disse que “a composição da remuneração dos administradores da Petrobras é definida considerando os resultados econômico-financeiros da companhia, bem como buscando promover o reconhecimento de seus administradores, e um alinhamento às praticas de remuneração aplicadas pelo mercado para empresas de porte semelhante”.