Banrisul propõe adiantamento da PLR e frustra expectativas dos bancários

Banrisulenses saíram frustrados da segunda rodada de negociação

A direção do Banrisul está pagando pra ver a dimensão da greve dos banrisulenses. Na reunião de negociação desta sexta-feira, dia 8, em Porto Alegre, o banco se propôs apenas a adiantar o pagamento da PLR e dos 4,29% de reajuste, inicialmente oferecidos pela Fenaban nesta Campanha Nacional 2010. A proposta foi rechaçada imediatamente pelo movimento sindical, que exige objetividade e boa vontade do banco para acabar com a greve.

O Banrisul também propôs a criação de três comissões paritárias, com participação de representantes da instituição e dos banrisulenses, para discutir os seguintes temas: Quadro de Carreira; Saúde e Condições de Trabalho e Segurança Bancária. A proposta do Banrisul foi apresentada pelo diretor de Crédito, Bruno Fronza, um dos interlocutores do banco nas negociações específicas, que iniciaram na última quarta-feira, dia 6.

Os banrisulenses foram representados na negociação pelos diretores da Fetrafi-RS, Amaro Souza e Carlos Augusto Rocha, e pelos diretores do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Fábio Alves, Juberlei Baes Bacelo (presidente) e Lourdes Rossoni.

Pelo banco, também integraram a mesa de negociação o diretor da Unidade de Gestão de Pessoas do Banrisul, César Antônio Cechinato, o superintendente de Gestão de Pessoas, Ademar Sartori e o gerente de Administração, Gaspar Saikoski.

Para os dirigentes sindicais a proposta do Banrisul não representa qualquer novidade e não tira os funcionários da greve. “O que temos fora da Fenaban? O banco não quer dar um plus? O Banrisul tem um quadro qualificado que está trabalhando insatisfeito. Temos o menor piso da categoria (R$ 1.074,00), problemas sérios no quadro de carreira e na Fundação Banrisul. Estamos diante da maior greve no banco nos últimos tempos e a diretoria não se deu conta disso”, questiona Rocha.

“Se hoje o Banrisul fizesse uma proposta para o piso, quadro de carreira e priorizasse ganhos reais aos trabalhadores seria possível achar uma saída para a greve. Essa não é uma proposta nova, apenas adianta o que os trabalhadores já têm garantia, que é o cumprimento da Fenaban”, enfatiza Juberlei.

O presidente do SindBancários também lembra que hoje a maior preocupação do banco é dar retorno aos seus acionistas e investidores e não à sociedade gaúcha. “Queremos que o Banrisul se antecipe. Os funcionários precisam de estímulo para ter disposição de retornar ao trabalho”, argumenta.

Amaro reafirmou que os banrisulenses irão ampliar a greve. “Percorremos uma série de agências da Capital hoje pela manhã e os bancários deixaram claro, que sem avanços na pauta específica a greve continua a todo vapor”, salienta.

Quanto à criação das comissões sugeridas pelo banco o movimento sindical esclareceu que tem reivindicado isto ao longo das últimas campanhas salariais e por isso concorda com a proposição.

“As comissões são importantes, mas não resolvem a greve. O que resolve a greve está relacionado a ganho econômico. Hoje a folha do Banrisul está praticamente estática. Mesmo que os funcionários incorporem certas vantagens aos seus salários ao longo do tempo nada muda para o banco em termos de custo. Nós temos uma grande responsabilidade aqui, que é dar uma resposta para o povo que está lá fora, aguardando a negociação”, disse Fábio.

Ao longo da negociação, os dirigentes sindicais ainda questionaram a postura do banco em relação aos problemas da Fundação Banrisul, que acumula déficits há três anos; o quadro de carreira pelo qual um funcionário precisaria ter 60 anos de casa para chegar ao topo da carreira; a política de redução de custos da instituição que pressiona os funcionários de todas as formas e precariza as condições de trabalho entre outros temas.

Contraproposta

No fim da reunião, o movimento sindical apresentou uma contraproposta à direção do banco. Confira:

1 – Concessão de reajuste de 5% sobre todas as letras do Quadro de Carreira;
2- Eliminação de uma letra do Quadro de Carreira a cada ano, até a letra E, no período de oito anos;
3- Comissionamento dos Operadores de Negócios;
4- Aumento de 20% nas verbas de caixa (gratificação e quebra);
5- Pagamento de Prêmio Desempenho a todos os funcionários.

Os representantes do Banrisul disseram que irão avaliar a contraproposta apresentada e darão retorno em breve ao movimento sindical.

Assédio moral continua

Durante a reunião foram relatados casos de assédio moral praticados pelos gerentes de duas agências do Banrisul, Otávio Rocha e Coliseu, ambas na capital gaúcha. Lourdes ressaltou que a postura dos gerentes é inadmissível e exige a intervenção da Unidade de Gestão de Pessoas.

“A atitude destes colegas é inaceitável. Além de coagir e intimidar de todas as maneiras possíveis, estes gerentes usam inclusive palavras de baixo calão para tentar desmoralizar os banrisulenses em greve”, afirmou a diretora do SindBancários.

Segundo os dirigentes do SindBancários, estes são os casos mais graves de assédio registrados durante a greve do Banrisul e foram relatados por 12 pessoas ao Sindicato.

Orientação

O movimento sindical avalia que a direção do Banrisul mostrou falta de vontade para resolver os problemas que mantêm os trabalhadores na greve e ainda criou falsas expectativas de que apresentaria uma proposta concreta nesta sexta-feira. A partir disso, a orientação é pela ampliação e fortalecimento da greve em toda a rede de atendimento do Banrisul até a vitória.

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