Banrisulenses aguardam proposta concreta com novas conquistas
Na quarta rodada de negociações, que ocorreu nesta sexta-feira, dia 23, em Porto Alegre, o Banrisul novamente descumpriu sua palavra e não apresentou nenhuma resposta aos itens discutidos na última reunião. Dessa vez, a desculpa foi a reunião da Fenaban, que acontecia, concomitantemente, em São Paulo. O discurso dos negociadores também foi o mesmo dos encontros anteriores: a diretoria do banco está disposta em avançar na pauta específica.
Enquanto o Banrisul tenta enrolar os bancários, o Comando dos Banrisulenses reafirmou a necessidade de uma proposta concreta e avisou que essa postura só motiva mais os trabalhadores para uma forte greve. O banco se comprometeu a apresentar uma resposta às reivindicações dos funcionários nesta segunda-feira, dia 26, às 15h, quando ocorre nova rodada de negociações.
A reunião
Tendo o ato público que os bancários realizavam na Praça da Alfândega como música ambiente, foram discutidos temas relativos à saúde do trabalhador e segurança. O banco, em evidente contradição, se mostrou receptivo à maioria dos itens, mas não se comprometeu a assinar a maioria das clausulas.
O tema mais polêmico foi a cláusula 22, que fala sobre o assédio moral e sexual. O Banrisul admitiu a existência do problema, mesmo classificando os termos como “fortes” e se comprometeu a fazer uma forte campanha para que as pessoas reconheçam o assédio. Proposta que se mostrou necessária, pois os próprios negociadores mostraram não saber a diferença entre violência organizacional e cobranças normais em um ambiente de trabalho. Inclusive afirmaram que o “simples fato de conversar com as pessoas já ajuda”.
O Comando foi taxativo e cobrou uma política forte por parte do banco. “O assédio moral e sexual não são práticas antigas, apareceram há poucos anos e são conseqüência das metas abusivas. Não adianta o Banrisul fazer uma série de programas e conscientizar o funcionário se a direção do banco utiliza o medo como modelo de gestão”, explicou o diretor de Saúde da Fetrafi-RS, Juberlei Bacelo.
Os negociadores afirmaram que o presidente do Banrisul, Tulio Zamin, já deixou claro que essa não será a postura do banco e que serão priorizadas relações positivas entre os trabalhadores. O banco concordou a assinar a cláusula 24, que define como dever do empregador garantir a integridade física e mental dos trabalhadores, custear o tratamento de funcionários que sofrerem com a violência organizacional e custear e implementar programas que inibam todas as formas de assédio e avançar nos debates sobre a Cláusula 22.
Afastados
O banco não se mostrou muito receptivo em garantir o pagamento de RV, vale refeição e outros benefícios para bancários afastados por motivos de saúde. “No momento em que o trabalhador e a família mais precisam, o banco retira deles benefícios necessários para sua sobrevivência”, explicou a diretora do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Lourdes Rossoni. Quanto à RV, que também consta na Cláusula 1.8, ficou definido que a discussão será feita quando a mesa voltar aos debates sobre esse item.
Quanto ao pagamento de salário para quem tem alta no INSS, mas não é considerado apto pelo médico para o retorno do trabalho, até o fim dos processos administrativos e judiciais contra o INSS, o assunto será remetido para a Comissão Paritária de Saúde. Segundo o banco, é necessária participação da área médica e técnica para realizar essa discussão.
Outro tema debatido foi a perda salarial dos funcionários afastados por motivos de doença, muitos com gratificações e outras verbas e que as perdem quando voltam para outra função. O assunto será levado para análise da diretoria.
CIPA
O Comando reivindicou a realização de eleição de CIPAs para todas as agências. O Banrisul sinalizou positivamente, mas se comprometeu apenas em realizar as eleições para agências maiores, com o argumento de que, no momento, não seria possível a implementação nas 414 agências da rede.
Descanso de dez minutos para caixas
Em mais uma evasiva, o banco remeteu o debate para a Comissão de Saúde, com o argumento de que o item precisa ser debatido com a área técnica.
Programa de prevenção à saúde
O Comando cobrou mais participação da Cabergs no Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional (PCMSO). “O que vemos hoje não é um exame de verdade. O médico vai na agência, mede a pressão arterial e pergunta se o funcionário está sentindo alguma coisa. É muito pouco”, explicou Lourdes.
O banco afirmou que já está pautando o assunto com a Cabergs e já houve avanços para que a Caixa sustente os exames. Entretanto, não deu um prazo para que a Cabergs assuma o procedimento e remeteu o debate para a Comissão de Saúde.
Ginástica laboral
O banco se comprometeu a fazer uma campanha para conscientizar os gestores e funcionários da necessidade da ginástica laboral e lembrou que já há licitação em andamento para contratar empresas especializadas. Entretanto, não se comprometeu com nenhum prazo para sua implementação.
Segurança
O banco se comprometeu a enviar uma BGX afirmando que é expressamente proibido aos bancários transportarem numerário ou valor, e que esse tipo de transporte será realizado apenas por empresa especializada.
Informou que está fazendo licitação, para Grande Porto Alegre, para que o abastecimento dos cashs externos seja efetuado por empresas de transporte de valores.
Outros assuntos
O banco se comprometeu a não fazer reforma nas agências em horário de trabalho. Também concordou com a cláusula que determina a incluir, nos processos de formação internos e de capacitação de gestores, temas que abordem as questões de assédio moral, violência organizacional e discriminação.
Ainda ficou definido que a Comissão de Saúde terá um calendário com reuniões mensais, definido anualmente e que nem banco, nem movimento sindical, poderão desmarcar os encontros sem justificativa.