Bancos recusam propostas sobre condições de trabalho e emprego
Na abertura da segunda rodada de negociação da Campanha 2013, realizada nesta quinta-feira 15 em São Paulo, antes de entrar na discussão do tema emprego o Comando Nacional dos Bancários cobrou respostas para as reivindicações sobre saúde e condições de trabalho apresentadas na primeira rodada, mas a Fenaban rejeitou as demandas da categoria sobre o fim das metas abusivas e avanços no combate ao assédio moral e à insegurança. Em relação ao emprego, os bancos recusaram o fim das demissões imotivadas e da rotatividade e o respeito à jornada de 6 horas. As negociações continuam nesta sexta-feira 16, às 9h30, incluindo as demandas sobre igualdade de oportunidades.
“Só a mobilização dos bancários vai fazer os bancos abandonarem sua postura de intransigência. Por isso é importante que todas as entidades intensifiquem as atividades de preparação do Dia Nacional de Luta na próxima quinta-feira, dia 22, com realização de passeatas à noite, bem como da greve geral das centrais sindicais no dia 30”, convoca Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
Houve apenas um avanço na segunda rodada de negociação, diante da proposta do Comando de fazer uma pesquisa sobre o adoecimento crescente da categoria. Os bancos propuseram criar, ao final da campanha deste ano, um grupo de trabalho bipartite com a participação de especialistas para discutir o afastamento dos bancários por razões de saúde.
O Comando propôs que o GT seja criado já, com a realização da primeira reunião durante a campanha para começar a discussão e com prazo fixado para concluir os trabalhos, buscando soluções para acabar com o adoecimento. Os representantes dos bancos ficaram de dar resposta na terceira rodada de negociações, a ser marcada nesta sexta-feira.
Saúde e condições de trabalho
O Comando Nacional insistiu nas reivindicações sobre saúde, condições de trabalho e segurança para reiterar aos bancos que não fechará a campanha deste ano se não houver solução para essas importantes demandas da categoria.
“As metas abusivas e o assédio moral estão provocando uma epidemia de adoecimento na categoria. São os problemas mais graves que os bancários enfrentam hoje, que precisam ser equacionados, assim como o da falta de medidas de segurança”, explica Carlos Cordeiro.
Por isso, antes de entrar no tema emprego, que estava agendado para a segunda rodada de negociações, os representantes dos bancários exigiram dos bancos respostas para as reivindicações apresentadas na primeira rodada, destacando:
> proibição de torpedos e emails enviados pelos gestores aos bancários para cobrança de metas.
> reduzir de 60 para 40 dias o prazo para os bancos responderem às denúncias de assédio moral encaminhadas pelos sindicatos.
> medidas de prevenção contra sequestros.
> melhoria da assistência às vítimas de assaltos e sequestros.
> manutenção do plano de saúde e odontológico para aposentados.
> folga de cinco dias por ano (abono assiduidade).
> acabar com o prazo de 120 dias para adiantamento de salário aos bancários com alta do INSS, mas considerados inaptos pelos bancos.
Os representantes dos banqueiros não apresentaram respostas, dizendo que essas reivindicações não estão “no radar” dos bancos.
O Comando também denunciou o descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) em relação às cláusulas sobre proibição de transporte de valores pelos bancários, não exposição do ranking individual dos funcionários e não reabilitação de trabalhadores afastados por motivos de saúde. A Fenaban ficou de atuar junto aos bancos para que a CCT seja cumprida.
Segurança bancária
Após cobrança do Comando Nacional, a Fenaban agendou uma reunião da mesa temática de segurança bancária para a próxima terça-feira, dia 20, em São Paulo, para apresentação da estatística de assaltos a bancos do primeiro semestre de 2013, conforme estabelece a CCT.
Fim das demissões e da rotatividade
O Comando denunciou a estratégia principalmente dos bancos privados de melhorarem o “índice de eficiência” reduzindo postos de trabalho e cortando custos com a prática da rotatividade.
“Os dados do Caged apontam uma redução de 4.890 empregos no 1º semestre. Nos últimos 12 meses, entre os meses de junho de 2012 e 2013, houve corte de 10 mil empregos no sistema financeiro”, disse Carlos Cordeiro.
Nos bancos múltiplos, houve 15 mil admissões e 20 mil desligamentos no primeiro semestre deste ano. “A redução da média salarial entre os admitidos e os desligados foi de 36%, o que mostra a perversidade da rotatividade”, acrescentou o presidente da Contraf-CUT. Na economia como um todo, a diferença entre o salário médio dos admitidos e dos desligados é de 7%.
Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, “a redução dos empregos está agravando as condições de trabalho, porque os que ficam têm que fazer o serviço dos demitidos. Os bancários estão sem tempo até para almoçar. O corte de empregos é ruim para os bancários e para a sociedade”.
Depois de mostrar os números, o Comando cobrou o atendimento das reivindicações, como garantia de emprego, proibição das demissões imotivadas conforme estabelece a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), fim da rotatividade, respeito à jornada de 6 horas para todos e manutenção da remuneração em caso de descomissionamento ou perda de gratificação. Os bancos, no entanto, rejeitaram todas essas demandas.
A segunda rodada de negociações continua nesta sexta-feira com a discussão das demais reivindicações sobre emprego. Também serão debatidas as demandas sobre igualdade de oportunidades, como a criação de uma cota de no mínimo 20% de negros e negras nos bancos.
Calendário de luta
Agosto
16 – Continuidade da segunda rodada de negociação entre Comando e Fenaban
19 – Segunda rodada de negociação entre Comando e Caixa
19 e 20 – Primeira rodada de negociação entre Comando e Banco da Amazônia
22 – Dia Nacional de Luta, com passeatas dos bancários
28 – Dia do Bancário, com atos de comemoração e de mobilização
30 – Paralisação nacional das centrais sindicais pela pauta da classe trabalhadora
Setembro
3 – Previsão de votação do PL 4330 da terceirização na CCJC da Câmara