A incorporação do Banestes pelo Banco do Brasil anunciada ontem é prejudicial ao Espírito Santo e por isso o Sindicato dos Bancários não poupará esforços para tentar evitar que o negócio se concretize. A entidade, que está reunida hoje com a direção do Banco do Brasil no Estado, defende a realização de um plebiscito para que a população se manifeste sobre a incorporação.
Em pesquisa realizada em novembro de 2007 pelo Instituto Flex Consult, a pedido do Sindicato, 60% dos entrevistados na Grande Vitória se posicionaram contra uma suposta incorporação do banco estadual pelo Banco do Brasil.
“Neste momento de crise, quando a questão central é o crédito, o Governo do Estado não pode abrir mão de um banco que fomenta o desenvolvimento regional. O Banestes é um banco com mais de 70 anos, tem história no Espírito Santo, não pode acabar dessa forma”, afirmou o presidente do Sindicato, Carlos Pereira de Araújo.
Na avaliação da entidade, o Governo Paulo Hartung está favorecendo a lógica de concentração do sistema financeiro, o que prejudica a clientela, pois sem concorrência a tendência é o aumento das tarifas e dos juros.
Entre os prejuízos de uma suposta incorporação também está o atendimento aos clientes de baixa renda. O Banco do Brasil segmentou sua clientela, deixando de atender em suas agências clientes que movimentam até R$ 2 mil. Esses foram direcionados para canais alternativos (Central de Atendimento, Internet, auto-atendimento e Banco Popular) na reformulação do banco em maio de 2007.
Outro prejuízo são os investimentos em projetos regionais. Em caso de a incorporação se efetivar, o dinheiro movimentado no Banestes entrará no bolo nacional do Banco do Brasil, não sendo garantido o reinvestimento no Espírito Santo.
O fechamento de agências é outra ameaça. Apesar das afirmativas da direção do BB de que não serão fechadas unidades do Banestes, a realidade em outros processos de incorporação mostra o contrário. Em São Paulo, por exemplo, foi anunciada a possibilidade de fechamento de pelo menos trinta agências da Nossa Caixa, banco incorporado pelo BB.
Hoje, em pelo menos vinte municípios do Estado apenas o Banestes está presente. Se até então o BB não chegou a esses locais, será que manteria as agências do Banestes existentes? E o que dizer de municípios como Santa Leopoldina e Muniz Freire, por exemplo, que têm agências do BB e do Banestes numa mesma rua?
A incerteza também é grande para os funcionários. No processo de transferência dos empregados do Banco de Santa Catarina (BESC), também incorporado pelo BB, para a carreira funcional do Banco do Brasil, os bancários estão sendo obrigados a assinar um documento abrindo mão de qualquer direito adquirido no BESC, inclusive de recorrer à Justiça em ações trabalhistas.
O Banco do Brasil também não dá nenhuma garantia sobre os fundos de pensão e assistência médica dos funcionários dos bancos incorporados.