(São Paulo) O segmento bancário foi o que mais registrou doenças ocupacionais no Brasil no ano de 2006. Foram nada menos do que 2.652 casos registrados através da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), de acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira, dia 10, pelo jornal Valor Econômico. Os dados são os mais recentes disponíveis e, em 2007, eles tendem a ser ainda maiores.
“Está registrado em números o que o Sindicato alerta e os bancários conhecem na prática há muito tempo. A categoria está adoecendo pelas más condições de trabalho e metas abusivas impostas pelas instituições financeiras”, diz Walcir Previtale, secretário de saúde do Sindicato de São Paulo. “Os principais casos que chegam a nós são de LER/DORT e de transtornos mentais, decorrentes da falta de política de prevenção e da pressão constante por metas abusivas”, detalha.
Os números tendem a ser ainda maiores no balanço de 2007, pois em maio desse ano entrou em vigor o nexo técnico epidemiológico, mecanismo que classifica como ocupacional uma doença diagnosticada pelo trabalhador que está em uma função na qual a moléstia é considerada de grande incidência. Desde então, o número de afastamentos por doenças dessa natureza triplicou.
SAT
O alto índice de adoecimento de bancários refletiu-se também no valor da alíquota de contribuição dos bancos para o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT). Ela subiu de 1% para 3%, a maior possível. Ou seja, o setor está entre os que mais oferece riscos para a saúde dos empregados.
Outros exemplos de setores da economia que pagam os 3% e, portanto, oferecem o mesmo grau de risco que os bancos, são construção civil; alguns da metalurgia, como produção de materiais em aço; transporte aéreo de passageiros e qualquer atividade relacionada à rede de esgotos. Em outras palavras, trabalhar em banco é tão perigoso para a saúde quanto construir um prédio, produzir aço, voar ou limpar uma rede de esgotos.
“Os bancos têm lucros astronômicos e nada justifica a falta de condições de trabalho. Até porque as empresas reconhecem que seus bons resultados estão diretamente ligados ao desempenho dos bancários”, completa Walcir.