Bancos privados cobram juros de até 718% ao ano no cartão de crédito

Segundo BC, maiores taxas são praticadas pelo Cetelem, CSF e Itaú

Antonio Temóteo
Estado de Minas

O consumidor deve ficar atento as taxas de juros do rotativo dos cartões de crédito cobradas pelas instituições financeiras. Os encargos para quem deixa de pagar as faturas em dia ultrapassam os 700% ao ano, conforme dados do Banco Central. Quem não quita os débitos com os bancos na data prevista em contrato corre o risco de ver a dívida aumentar exponencialmente e passa a engrossar as estatísticas de calote do país.

Entre as 45 instituições financeiras que compõem o levantamento da autoridade monetária, o Banco Cetelem possui os maiores juros do crédito rotativo dos cartões para pessoa física: 718,68%. A reportagem procurou responsáveis pelo Cetelem, que não foram encontrados para justificar os encargos tão altos.

O Banco CSF, do Carrefour, é o segundo da lista e cobra dos consumidores 695,97% ao ano para quem não paga a fatura em dia. A instituição informou que não comenta o assunto.

O Itaú Unibanco é o terceiro da lista, com juros de crédito rotativo do cartão para pessoa física de 625,61%. O banco ainda é responsável por pelo menos outras quatro instituições – Luizacred, Hipercard, Itaú CBD e Itaucard – que fazem parte do levantamento do Banco Central, mas não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.

O HSBC, sexto entre os que mais cobram encargos dos consumidores (565,42% ao ano), afirmou que os juros dependem das características de cada produto, sendo que a taxa mínima mensal varia de 4,9% a 15,99%.

O Bradesco, que tem pelo menos duas empresas listadas no levantamento do Banco Central, informou que procura sempre oferecer taxas competitivas em relação ao mercado. O banco ainda ressaltou, em nota, que a utilização do crédito rotativo é indicado para uso em situações emergenciais e os clientes têm à disposição outras opções de crédito, com taxas mais em conta.

Já o Santander justificou que para a avaliação de custos de cartões, é importante considerar os diferentes tipos de produtos, os benefícios totais oferecidos e as necessidades do cliente. O banco cobra 423,84% ao ano de taxa de juros de crédito rotativo de cartão, mas comentou que disponibiliza alternativas com taxas mais menores.

Para o educador financeiro Alvaro Modernell, os consumidores devem evitar o crédito rotativo dos cartões porque as taxas de juros cobradas são abusivas. Ele explicou que o cliente que recorre a essa modalidade de crédito pode ver a dívida crescer exponencialmente em pouco tempo.

“Quem está endividado tem um problema gravíssimo, mas quem usa ao rotativo acumula um prejuízo muito maior. O cidadão deve cancelar a conta ou o cartão quando o banco cobra taxas de juros de crédito rotativo abusivas”, comentou.

Na avaliação da educadora financeira da DSOP Teresinha Rocha, o crédito rotativo do cartão é o vilão da inadimplência e potencializa as dívidas dos brasileiros.

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