(Curitiba) Os bancários estão exigindo uma maior PLR por uma questão simples, os banqueiros estão garantindo seus lucros por meio da instituição de metas abusivas, com a adoção do assédio moral como estratégia de gestão de recursos humanos e com a precarização do trabalho. Os trabalhadores perdem as condições dignas de trabalho e a saúde, enquanto os bancos ganham dinheiro.
A PLR deve refletir com maior exatidão os crescentes lucros obtidos pelas instituições financeiras. O lucro líquido semestral de cinco grandes bancos brasileiros (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco e Banespa) cresceu 132,5% até junho deste ano. Só no primeiro semestre foram R$ 11,5 bilhões, diz levantamento do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
A proposta de PLR presente na Minuta de Reivindicações deste ano é composta por um salário, mais R$ 1500 acrescidos de 5% de lucro líquido linear. Essa conquista já foi assegurada, no ano passado, entre os trabalhadores do Banco do Brasil onde, a cada semestre, são acrescidos o equivalente a 4% do lucro líquido do período, com distribuição linear, à PLR de todos os funcionários.
Esta foi a maior conquista de todos os tempos em relação a Participação nos Lucros e Resultados da categoria bancária. Os lucros provam que todos os outros bancos podem adotar uma PLR semelhante à do Banco do Brasil e que o BB, por sua vez, também têm condições de remunerar melhor seus trabalhadores e promover o desenvolvimento nacional, baixando os juros e as tarifas cobradas da população em geral.
A PLR, assim como o aumento real de salários, é o que valoriza o poder de compra do trabalhador bancário e melhora a sua qualidade de vida. Para ser ética e eficiente, a discussão sobre PLR deve beneficiar não apenas o empregador, mas principalmente o trabalhador. A PLR deve partir de regras claras, que levem em consideração que os trabalhadores precisam se sentir incentivados e não pressionados a alavancar os resultados das empresas.
A PLR sadia é aquela que aguça o espírito de equipe, estimula a ajuda mútua e gera uma melhor performance. São as empresas que competem e não as pessoas, por isso o ideal é que a proposta seja para todos, repartida de forma linear.
"Esperamos a manutenção da conquista do ano passado", afirma José Paulo Staub, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região. "O BB já está dentro do que estamos pedindo e negociando. O banco assimilou a nossa proposta. Estamos solicitando 1% a mais de participação no lucro líquido distribuído de forma linear. A expectativa é de que não vamos ter maiores dificuldades de acordo neste ponto. Vamos nos concentrar em solucionar pendências históricas como o anuênio e o Plano de Cargos e Salários, que se arrasta desde 1997", complementa.
"Os bancários estão muito atentos para a lucratividade dos bancos", comenta Marco Aurélio Cruz, dirigente sindical e trabalhador do HSBC. "É uma pena que os bancários que mais ganham com a PLR sejam os trabalhadores com maiores salários. Mas a nossa maior luta é para que a PLR seja desatrelada da PPR, que é o incentivo ao cumprimento de metas por departamento, ou seja, não é atrelada ao lucro do banco, mas a produtividade daquele local de trabalho. A desvinculação da PPR da PLR beneficiará realmente o bolso dos bancários e tornará a PLR um ganho real".
"O Bradesco não possui um programa de remuneração variável", explica Ademir Vidolin, secretário de Saúde, Meio Ambiente e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região e bancário do Bradesco. "A PLR maior é uma questão de justiça e de reconhecimento, afinal, são os trabalhadores que geram lucros para o banco. Com o sufoco e a tortura permanente pelo cumprimento de metas crescentes, distribuir o lucro entre os trabalhadores é o mínimo que o banco pode fazer para recompensar todo esforço. Ainda mais que com os lucros que está alcançando, nasce um novo banco Bradesco a cada quatro anos. O mínimo que a empresa pode fazer é remunerar bem".
PLR no Paraná
No Paraná, a PLR é paga por quase todas as grandes empresas do Estado e está sendo ampliada para as companhias de médio porte, graças à pressão das entidades sindicais e do amadurecimento da legislação que criou a PLR.
De acordo com estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) em 2005, foram realizados cerca de 180 acordos de Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) que beneficiaram 70 mil paranaenses.
Entre os setores que têm mais tradição de pagar a PLR estão os bancos, estatais como Copel e Sanepar, as empresas da área de metalurgia, o setor de telecomunicações e a empresa que paga o maior volume de recursos, a Petrobras.
Fonte: Patrícia Meyer – Fetec PR