Bancos investem em tecnologias de pagamento móvel e biometria

Os bancos estão ampliando cada vez mais os investimentos em modelos que integram serviços bancários e de pagamento móvel, novos sistemas de biometria (que identificam os usuários por características físicas) e softwares de análise de risco. O assunto é tema de reportagem publicada na edição desta sexta-feira (14) do jornal Valor Econômico.

A alegação dos bancos é de que estão preocupados com os riscos de fraudes – pela internet ou nos terminais de autoatendimento (ATMs), buscando oferecer mais segurança para as instituições financeiras e também para seus clientes.

Na realidade, estão sendo implantados novos canais de atendimento no sistema financeiro, que visam reduzir custos e aumentar mais ainda os lucros gigantescos dos bancos, o que trará forte impacto no emprego dos bancários.

Essas inovações, preocupantes para os bancários, foram apresentadas por empresas fornecedoras de tecnologia no Ciab 2013, evento de automação bancária realizado pela Febraban nesta semana, em São Paulo.

Inovações

A Diebold Brasil – fabricante de terminais bancários de autoatendimento, urnas eletrônicas e terminais lotéricos – reforçou sua atuação no segmento de softwares com a aquisição, em setembro do ano passado, da empresa de segurança da informação GAS Tecnologia, por uma quantia não revelada.

No país, os softwares da GAS já eram usados por 70% dos serviços de banco na internet. Entre os principais clientes estão Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander e Itaú. Neste ano, a Diebold incorporou essas tecnologias de segurança nos ATMs para permitir operações que integram smartphones, caixas e terminais.

João Abud Junior, presidente da Diebold Brasil, disse que o software permite ao usuário realizar operações sem uso de cartões, bastando apenas o cadastro do aparelho. “O smartphone passa a ser uma ferramenta de segurança para o usuário”, afirmou. A tecnologia inclui um aplicativo para smartphones com a mesma segurança dos sites de internet ‘banking’.

O usuário pode realizar atividades como pagar contas, iniciar um saque, fazer transferências e liberar o saque para outro usuário. No caso das operações que envolvem a retirada de dinheiro, após fazer a operação no celular, o cliente recebe um código bidimensional (QR Code) ou uma mensagem com um código (token). Ao chegar ao terminal de autoatendimento, basta passar o código no leitor do ATM ou digitar o código e concluir a operação.

Abud disse que, em função do grande número de assaltos a bancos, cresceu a demanda por terminais com sistema de disparo de tinta em caso de arrombamento. “Quase todas as encomendas são de caixas com essa tecnologia”, disse. Segundo o executivo, as vendas de softwares de segurança representarão neste ano 10% da receita da Diebold Brasil e, em três anos, de 20% a 25%.

A Scopus, empresa de tecnologia do Bradesco, também investiu em softwares que integram ATMs com celulares e permitem realizar operações com o smartphone e reduzir o tempo gasto nos terminais de autoatendimento. Douglas Tevis Francisco, diretor de pesquisas e inovações tecnológicas do Bradesco, disse que toda tecnologia desenvolvida é discutida por grupos de inovação do banco.

Outra inovação recente, segundo ele, é a implantação de terminais que permitem realizar operações sem uso do cartão. Nesse caso, softwares de biometria fazem a identificação por meio da mão. A Scopus também desenvolveu para o Bradesco um aplicativo de celular que permite fotografar uma folha de cheque, fazer a validação e pagamentos ou depósitos com cheque pelo dispositivo móvel.

A BioLogica, controlada pela Itautec, investiu na melhoria dos softwares de biometria e na integração da análise de mais de uma característica física do cliente do banco para identificação. A tecnologia permite, por exemplo, que o cliente seja identificado por filmagem enquanto suas digitais são identificadas no equipamento.

A tecnologia foi inserida aos equipamentos usados pelos bancos. “Quando o cliente usa um terminal com biometria, muitas vezes a checagem é demorada, o que gera incômodo. Com o aperfeiçoamento, o processo é mais rápido e continua seguro”, afirmou Américo Lobo, diretor-geral da BioLogica.

As empresas também ampliaram a oferta de programas e serviços destinados a evitar fraudes. A Crivo Transunion, especializada em automação de análise de crédito, risco e fraude, desenvolveu softwares capazes de organizar e analisar dados que a empresa tem de um consumidor e cruzá-los com outros obtidos no mercado. A partir daí são traçados perfis dos consumidores e calculados os fatores de risco na concessão do crédito.

Juarez Zortea, presidente da Crivo, disse que a procura por esse tipo de software cresceu muito no Brasil. “Uma grande massa de consumidores ascendeu à classe média. É um conjunto de pessoas disposta a comprar e com necessidade de crédito, mas boa parte não tem conta bancária”, disse. A ausência de informações bancárias e de um histórico de inadimplência dificulta a avaliação do risco na concessão do crédito.

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