(São Paulo) Os cinco maiores bancos privados do Brasil ganharam no ano passado só com a cobrança de tarifas R$ 27,545 bilhões. O montante representa um crescimento de 19% em relação ao resultado de 2005 de Bradesco, Itaú, Unibanco, ABN/Real e Santander Banespa. Os dados são da consultoria Austin Ratings, a partir dos balanços das empresas.
O Itaú – que já há alguns anos tem arrecadado com tarifas e taxas o dobro do que gasta com a folha de pagamento – foi quem mais ganhou com a exploração dos clientes (e dos bancários). A empresa faturou R$ 9,097 bilhões a título de “prestação de serviços”. Percentualmente, o maior crescimento ficou por contra do Santander Banespa, cuja receita de tarifas aumentou 23% entre 2005 e 2006.
“Isto é um verdadeiro assalto à mão armada nas contas dos clientes. É uma exploração desavergonhada, porque a maioria das transações é feita pelo próprio, nos terminais de auto-atendimento, pela internet, pelo telefone, nos correspondentes bancários. Os bancos cada vez mais expulsam os clientes de baixa renda das agências, mas não deixam de cobrar tarifas mais caras por isso”, comenta Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.
O dirigente destaca o fato de a arrecadação com tarifas e taxas cobrirem por duas vezes as despesas com os funcionários. “Quando vemos números como esses, soa tão mesquinhas as negativas dos bancos em mesa de negociação. Vemos que os banqueiros negam benefícios que não impactam em nada nos seus balanços, como a melhoria na PLR que estamos lutando agora”, ressalta Vagner.
Exploração
Esse faturamento com tarifas que os bancos tiveram no ano passado ajudou a compensar os efeitos contábeis que algumas operações tiveram sobre o lucro. Bradesco, Unibanco e Itaú optaram por descontar de seus resultados o ágio pago na aquisição de outras instituições financeiras.
O aumento na receita obtida com esta modalidade revela, também, um reajuste mais freqüentes nessas taxas. Pesquisa feita pelo Banco Central mostra que, na média, as tarifas bancárias foram aumentadas em 2006 acima da inflação. A emissão de cartão de débito, por exemplo, custava R$ 9,39 para pessoas físicas em março de 2006. Hoje valor médio subiu para R$ 10,93 (16,4% a mais).
“Já há alguns anos temos colocado a questão da redução das tarifas e dos juros bancários entre as nossas reivindicações durante as campanhas salariais. O problema do cliente também é uma preocupação nossa. Há cobranças abusivas por parte dos bancos, que recentemente tentaram se livrar na justiça do Código de Defesa do Consumidor e não conseguiram. Por que eles não querem respeitar a lei? Porque abusam”, comentou William Mendes, secretário de Imprensa da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT