Só quando chega na porta da agência, com cartão no bolso e contas para pagar, é que o cliente percebe: o banco já não funciona mais ali. Neste ano, a cena se repetiu em 172 endereços do Estado de São Paulo – já que o número de agências paulistas, que segundo o Banco Central era de 6.805 no início de 2010, foi reduzido para 6.633 (dados de junho). Em média, portanto, 28 postos bancários fecharam as portas a cada mês.
A compensação é que, em boa parte dos casos, o cliente que vai até a porta de uma unidade desativada não chega a perder a viagem. É muito provável que haja um outro estabelecimento bancário da mesma instituição ali perto.
“Os bancos que fecharam agências foram aqueles que se uniram recentemente, por meio de fusões ou aquisições”, ressalta Magnus Apostólico, superintendente de Relações de Trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). De acordo com Apostólico, as instituições financeiras só fizeram isso nos casos em que havia sobreposição de postos bancários – ou seja, unidades muito próximas umas das outras.
Ele cita como exemplo o caso Itaú-Unibanco, que tinha vários estabelecimentos vizinhos. “Nessas situações, há a possibilidade de se construir uma agência ampliada, resultado da junção de duas unidades”, acrescenta o superintendente da Febraban.
A redução do número de agências, entretanto, não ocasionou fechamento de postos de trabalho. Os funcionários foram direcionados a outras funções. É o que revela o levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Os dados relativos à região Sudeste mostram que o saldo entre contratações e demissões está positivo em 2.227 empregos. Ou seja, há mais vagas hoje no setor do que havia em 2009.
Para Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, o crescimento do emprego no ramo deve ser encarado como uma recuperação, já que o setor fechou postos de trabalho em 2009, por conta da crise econômica. “Agora, os empresários percebem que a economia está crescendo, que os serviços bancários têm uma demanda cada vez maior e por isso voltam a contratar os trabalhadores”, justifica Cordeiro. “A partir de agora, portanto, a tendência é de alta no emprego do setor.”
Ampliação
Os planos de expansão das instituições financeiras atestam a projeção feita por Cordeiro. Durante o ano de 2010, o País terá ganhado ao menos 325 novas agências.
Só o Santander pretende inaugurar, até 2013, 600 unidades – 150 delas ainda este ano. O Bradesco divulgou ontem que pretende abrir 175 unidades em2010.Comisso,novos postos de trabalho serão criados.
“O fechamento de agências é ruim para o trabalhador e para o cliente também”, diz Juvandia Moreira,presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, enfatizando que os bancos que fizeram fusões recentemente se comprometeram a não demitir.
“Por isso, esperamos que os bancos voltem a abrir agências e expandamseu atendimento também para os mais de 2 mil municípios em que a população não tem acesso a serviço bancário”, afirma Juvandia.
As agências são a terceira forma de atendimento mais usada pelos clientes bancários,informa a Febraban. Os campeões de utilização são os caixas eletrônicos
e a internet.