Os bancos fecharam 7.092 postos de trabalho no Brasil no primeiro trimestre de 2017, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), aponta a análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O número representa um aumento de 289% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A redução de postos de trabalho ocorreu em todos os estados, exceto no Acre, onde não houve nem redução nem aumento do emprego. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro foram os estados mais impactados, segundo o levantamento.
“Os bancos compõem o setor econômico que mais lucra nesse país. Com crise, ou sem crise, apresentam lucros astronômicos ano após ano. Somente com o que cobram de taxas de serviços dos clientes, os bancos conseguem pagar toda a despesa que tem com os funcionários e ainda sobra dinheiro. Sem contar os lucros obtidos com Papéis do Tesouro Nacional e outras transações financeiras altamente lucrativas. Eles não têm qualquer motivo para demitir funcionários. Agindo desta forma apenas aumentam a crise financeira”, disse Roberto Von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Desmonte dos bancos públicos
Separados por segmento de atuação, a análise aponta ainda que a Caixa Econômica Federal foi, sozinha, responsável pela maior parte dos postos de trabalho fechados no período (-3.626). “Esse resultado é consequência direta da política de desmonte dos bancos públicos implantada pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer. Na quinta-feira (20) realizamos atos em todo o país em defesa dos bancos públicos e na próxima sexta-feira (28), vamos parar o Brasil para mostrar para o mundo os danos que as políticas implantadas por esse governo está causando à classe trabalhadora”, afirmou o presidente da Contraf-CUT.
A Caixa anunciou no início do ano um Plano de Demissão Voluntária Extraordinário (PDVE) e desde o ano passado vem implantando uma política de fechamento de agências que considera como economicamente inviáveis. O Banco do Brasil também vem implantando uma política de reestruturação, com fechamento de agências e um plano de demissão voluntária. Os poucos bancos estaduais e regionais que resistiram à onda privatista dos anos 1990 também seguem o mesmo rumo dos dois maiores bancos federais. O governo Temer também promoveu uma descapitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e uma mudança do perfil de financiamento a serem realizados pelo banco.
“Isso não é reestruturação. É o desmonte dos bancos públicos. Estão abrindo mão da carteira de clientes e dando espaço para a atuação dos bancos privados. Na verdade, trata-se de uma preparação para a privatização dos bancos públicos”, explicou Roberto Von der Osten.
O documento do Dieese traz ainda análises sobre os motivos das demissões, sobre a faixa etária dos demitidos e dos admitidos, o tempo de emprego dos demitidos e os salários por gênero sexual (acesse o documento na íntegra).