Bancos europeus terão de refinanciar 1,3 trilhão de euros

Financial Times
James Wilson, de Frankfurt

Os bancos da região do euro têm pela frente a tarefa “administrável” de refinanciar um volume estimado em ?1,3 trilhão em dívidas a serem pagas nos próximos três anos e meio, segundo informou o Banco Central Europeu (BCE), ontem, quinta-feira.

No caso dos títulos de dívidas de longo prazo, no entanto, os bancos enfrentarão mais concorrência, indicou o BCE, já que empresas e governos deverão incrementar suas próprias captações nos mercados.

A preocupação dos investidores sobre o refinanciamento das dívidas assombra há meses alguns bancos da região do euro, já que há vários ainda dependentes do financiamento do BCE, incapazes de captar com facilidade nos mercados de dívidas. Alguns analistas também temem o volume de financiamento novo que os bancos precisarão nos próximos meses para substituir dívidas vencendo.

O rendimento dos títulos de dívidas dos bancos, que reflete a percepção de risco, aumentou de forma acentuada entre abril e junho, com os investidores apreensivos sobre a exposição dos bancos a países endividados da região do euro, como a Grécia. Esse cenário levou muitos bancos a evitar ou adiar captações.

O BCE, que baseou suas estimativas a partir de informações da empresa de fornecimento de dados Dealogic, informou que a necessidade de refinanciamento dos bancos até fim de 2013 será inferior à verificada no período equivalente desde o início de 2007.

O BCE afirmou que os bancos locais poderão refrear as emissões de títulos, já que mudaram seus modelos de negócios após a crise financeira. Muitos bancos, por exemplo, aumentam os esforços para elevar os depósitos de clientes – uma fonte de fundos muito mais estável que os mercados de dívidas. “A necessidade de renovação de títulos de dívidas vencendo poderia […] ser menor do que no passado”, segundo o BCE.

Nas últimas semanas, muitas empresas perceberam que está barato captar nos mercados de dívidas. Alguns analistas acreditam que pode estar ocorrendo uma mudança de longo prazo, com as empresas ultrapassando os bancos – vistos como “não confiáveis” após a crise. Já os governos ampliam suas captações para pagar o custo enfrentado para resolver a crise financeira.

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