(São Paulo) Enquanto os bancos insistem em discriminar os bancários afastados em licença-saúde, negando a eles direitos como VA, VR e 13ª cesta-alimentação a Previdência Social acaba de lançar um estudo que traz mais evidências mostrando que o trabalho nos bancos é, sim, perigoso.
“A pressão e as condições inadequadas de trabalho, que são políticas dos bancos, tiraram destas pessoas a capacidade de trabalhar. Agora, além de deixar o custo destes auxílios doenças para a sociedade, via INSS, os banqueiros dão como prêmio para estes trabalhadores a suspensão de conquistas históricas da categoria”, critica o secretário de Saúde do Sindicato de SP, Walcir Previtale Bruno.
O Sindicato tenta negociar com a direção das instituições financeiras o pagamento da 13ª cesta, negada aos trabalhadores adoentados, afastados há mais de 180 dias. “Mas caso os banqueiros mantenham essa postura mesquinha de negar uma conquista no momento em que o trabalhador mais precisa, o Sindicato vai fazer uma campanha para distribuir cestas de Natal a esses bancários”, revela o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
O dirigente lembra que a gestão administrativa dos bancos causa cada vez mais adoecimento e essa é uma situação a que todos os trabalhadores estão expostos.
Estudo
A afirmação é confirmada por recente estudo do INSS que atesta que os bancos afastam muitos trabalhadores, o fazem com grande gravidade e que isso causa um custo muito alto para as contas públicas. Entre 2000 e 2004, numa amostragem, 5.355 bancários tiveram problemas de saúde que os afastaram por mais de 15 dias (quase 2% do total nacional). A alta gravidade dos afastamentos pode ser comprovada pela quantidade de dias de licença em média: 442 dias, contra uma média nacional de 269 dias de afastamento. Por fim, geram um alto custo (R$ 65 por dia em média), contra R$ 37 do total nacional.
Dados como estes resultaram na criação de uma lei, no final de 2006, que definiu o aumento do pagamento da alíquota dos bancos ao INSS para a categoria de risco máximo (de 1% para 3% da folha de pagamento). Essa lei foi regulamentada por decreto em fevereiro de 2007, mas os bancos têm conseguido fazer lobby para protelar o início do pagamento. O último adiamento jogou a cobrança para janeiro de 2009.
O Brasil paga a conta
Assédio moral, mobiliário inadequado, e condições precárias de trabalho de uma forma geral, tão comuns nos bancos, geram para o país um custo de R$ 40 bilhões por ano, segundo o diretor do Departamento de Política de Saúde e Segurança Operacional do Ministério da Previdência Social, Remígio Todeschini.
“Não podemos debitar essa conta ao trabalhador. Quando acontece o acidente ou a doença, quem está pagando a fatura hoje no Brasil é a Previdência Social. No fundo, são todos os cidadãos”, disse Todeschini à Agência Brasil. “É preciso alertar os empresários para que estimulem a prevenção: quem oferece ambiente propício a mais doenças, mais acidentes, mais mortes, deve pagar essa conta”, defende.
Fonte: Danilo Pretti Di Giorgi – Seeb SP