Bancos comerciais espanhóis e bancos de poupança sem ações negociadas em bolsa necessitam cerca de 17 bilhões (US$ 22,8 bilhões) em capital extra para enfrentar prejuízos “não realizados” em operações no seu mercado doméstico, em grande parte como resultado do colapso da bolha no mercado imobiliário a partir de 2007, segundo a Moody’s, firma de classificação de crédito.
Em relatório publicado na segunda-feira, dia 13, a Moody’s afirmou que seu referencial de cálculo para os prejuízos em “toda a vida útil” do sistema espanhol é de ?176 bilhões – acima dos ?108 bilhões estimados pouco mais de um ano atrás – dos quais apenas ?88 bilhões haviam sido reconhecidos através de baixas contábeis e provisionamentos.
Após levar em conta a previsão de receitas e créditos tributários para um ano, bem como os ?10,6 bilhões já solicitados ao Fundo para Recuperação Bancária Controlada (Frob, na sigla em inglês), a Moody’s estimou o déficit de capital líquido em ?17 bilhões, dos quais ?12 bilhões referem-se às “cajas”, os bancos de poupança no país.
Em seu “cenário de estresse”, o total de prejuízos dos bancos espanhóis sobe para ?306 bilhões. “A magnitude da deterioração sob esse cenário de estresse evidencia a vulnerabilidade dos bancos a um cenário econômico de um segundo mergulho recessivo”, disse a Moody’s.
Banqueiros e fiscais do sistema bancário espanhol dizem que a maioria das instituições financeiras do país até agora vem enfrentando bem à crise financeira e econômica mundial dos últimos dois anos com relativamente poucos danos. A Moody’s classifica os bancos espanhóis, em média, bem acima dos da Alemanha e do Reino Unido em termos de solidez financeira.
Apesar disso, os banqueiros estão contemplando os próximos meses com apreensão pois o sistema financeiro espanhol continua fortemente dependente de liquidez para disponibilizar financiamento a empresas nos mercados internacionais – e estarão competindo com governos soberanos da zona do euro dependentes de financiamento.
Após um momento de alívio no final do verão (setentrional) – quando instituições financeiras mais sólidas novamente começaram a emitir títulos garantidos e outros tipos de dívida – o socorro de ?85 de bilhões à Irlanda acordado em novembro praticamente fechou de novo as torneiras do crédito.
O Banco da Espanha, que regulamenta as instituições que disponibilizam financiamento, está em dificuldades para restabelecer a confiança internacional nos bancos espanhóis. Embora o Frob possa legalmente levantar e alocar até ?99 bilhões, esse Fundo planeja emitir apenas mais ?2 bilhões para capitalizar as “cajas” envolvidas em fusões e reestruturações, além dos ?12 bilhões que tem na forma de capital e dinheiro tomado de empréstimo.