Financial Times
Victor Mallet
Os bancos e caixas de poupança espanhóis, abalados pelo recente congelamento nos mercados de operações compromissadas com títulos do governo, procuram se associar a redes de negociações internacionais e câmaras de compensação e liquidação para ampliar suas opções de captação de recursos.
Grandes bancos, como o Caja Madrid e o BBVA, estão se candidatando a membros da LCH. Clearnet, a câmara de compensação e liquidação de operações compromissadas e de títulos, sediada em Londres, que iniciou operações para títulos públicos e operações compromissadas espanholas nesta semana.
O Santander, maior banco da zona do euro por capitalização de mercado, é membro de longa data da LCH. Clearnet através da sua subsidiária do Reino Unido, o banco privado Cater Allen.
A Caja Madrid, um grande banco de poupança não listado em bolsa, tornou-se em julho a primeira instituição espanhola a se associar à Eurex Repo, um mercado eletrônico vinculado ao Eurex Clearing, controlado pela Deutsche Börse. Outras instituições de crédito espanholas de grande porte deverão seguir o exemplo.
As operações compromissadas – que permitem às instituições financeiras oferecer ou obter liquidez de curto prazo usando investimentos em títulos públicos como garantia – foram, na sua maioria, realizadas para os bancos espanhóis na Espanha, antes do começo da crise financeira em 2008.
Nos últimos meses até esses negócios com operações compromissadas se tornaram quase impossíveis, à medida que os bancos espanhóis estavam numa penúria de liquidez, em meio a previsões de uma crise da dívida soberana grega, após a operação de socorro à Grécia.
“O problema realmente foi que o mercado espanhol de operações compromissadas estava isolado do mercado transnacional. Era um mercado protegido”, disse Richard Comotto, especialista em finanças, que é pesquisador visitante no Centro ICMA (Associação Internacional de Mercados de Capital) da Universidade Reading.
“Os bancos espanhóis agora estão correndo para se unir à LCH e à Eurex porque na Europa as pessoas agora realmente só querem negociar com você por meio de uma CCP [central counterparty clearing system, ou sistema de contrapartida central]”.
Tanto as instituições financeiras como os tomadores de crédito podem se beneficiar do anonimato e da garantia de liquidação proporcionados por uma câmara de compensação e execução.
A ausência da Espanha desses sistemas internacionais de compensação tem sido uma anomalia, dado o tamanho do mercado de dívida espanhol e o fato de que a LCH.Clearnet já está negociando com dez outros mercados de títulos governamentais europeus.
Executivos de bancos e analistas espanhóis disseram que a Espanha se atrasou em aderir à tendência de negociação eletrônica usando CCPs, à medida que o sistema de compensação do país estava isolado dos usados por seus vizinhos europeus.
Jaime Comunión, diretor financeiro da Caja Madrid, falou que, com a adesão do banco na Eurex, a instituição esperava captar ? 3 bilhões em um mês, mas conseguiu ? 5 bilhões.