Folha de São Paulo
Toni Sciarretta
De olho nos endinheirados de Miami, grandes bancos e corretoras nacionais abriram escritórios de “private bank” (área especializada em gestão de fortunas) para atender brasileiros na Flórida.
De Miami, esses brasileiros têm acesso aos maiores fundos de hedge do planeta, a ações americanas e estrangeiras e a produtos de baixo custo, como os fundos negociados diretamente na Bolsa (inexistentes no Brasil).
Esses fundos seguem indicadores como ouro, prata, petróleo, imóveis e até a variação das ações brasileiras, porém em dólares.
No caso dos fundos, além da infinidade de produtos, o brasileiro se livra do “come-cotas” -procedimento em que os gestores recolhem semestralmente o IR devido.
Nos Estados Unidos, o brasileiro não se exime de pagar anualmente à Receita Federal do Brasil o imposto sobre o ganho obtido com aplicações financeiras, mas pode deixar o dinheiro rendendo sobre uma parcela que já teria ido para o fisco.
No longo prazo, essa diferença torna os investimentos “offshore” (fora do país) tão interessantes quanto a previdência privada brasileira.
Instituições como Santander, Itaú Unibanco, Citibank e a corretora Souza Barros atendem o cliente brasileiro em português e dão assessoria completa para ajudá-lo a investir em dólares o dinheiro ganho no Brasil.
Além dos investimentos, essas instituições cuidam de assuntos como inventários, abertura de empresas (para escapar do imposto sobre herança, os brasileiros são orientados a colocar todos os bens em nome de uma empresa), pagamento de impostos e contratação de funcionários domésticos nos Estados Unidos.
Para essas instituições, Miami virou uma praça com a clientela abastada mais importante depois de São Paulo, Rio e Belo Horizonte.