O Estado de S.Paulo
Cátia Luz
Pela primeira vez no ranking dos 20 bancos com as marcas mais valiosas do mundo – feito pela consultoria Brand Finance em parceria com a revista inglesa The Banker, do grupo Financial Times -, as instituições dos países que formam os Brics – Brasil, Rússia, Índia e China – ultrapassaram o valor dos bancos europeus. Na lista, há sete bancos com sede nesses emergentes, cujas marcas somaram US$ 93 bilhões, contra US$ 91 bilhões obtidos pelos europeus.
O primeiro banco dos emergentes a figurar na lista é o Bradesco, com a nona posição (US$ 15,59 bilhões), seguido pelo China Construction Bank, em décimo (US$ 15,46 bilhões). O Itaú ficou com o 13.º lugar, com um valor de marca de US$ 13,17 bilhões. Levando-se em conta o país de origem, a soma das marcas dos dois bancos brasileiros só perde para a de bancos americanos (que juntos valem US$ 123 bilhões) e para os chineses.
De acordo com o presidente da Brand Finance para a América Latina, Gilson Nunes, a presença do Bradesco, pelo terceiro ano consecutivo, no ranking das dez marcas mais valiosas do mundo, e do Itaú entre as top 20, são resultado da consolidação dos bancos nacionais e sinal da valorização dos nomes brasileiros no cenário internacional.
“O Bradesco se destacou por sua política de expansão de agências, que aumentou ainda mais a capilaridade do banco, e pela forte percepção da marca, principalmente nas classes C e D”, explica Nunes. O Itaú, por sua vez, deve sua posição à absorção do Unibanco e à sua estratégia de internacionalização da marca.
Para calcular o valor financeiro das marcas, a consultoria analisa desde os resultados financeiros dos bancos a fatores como qualidade de serviço e atendimento ao cliente. “Ao todo, são 35 indicadores. Isso é que permite que o Bradesco (segundo maior banco privado do País em ativos) fique à frente do Itaú (líder do segmento) quando o assunto é marca”, diz Nunes. Só no Brasil, foram entrevistadas 16,5 mil pessoas, em nove capitais.
Na comparação com a edição anterior, com dados de 2010, os dois bancos brasileiros perderam posições. O Bradesco estava em sexto e o Itaú, em 11.° lugar. “Isso se deve, principalmente, ao câmbio. Na pesquisa anterior, US$ 1 valia cerca de R$ 1,60. Nessa última edição, a moeda americana rodava próximo a R$ 1,80”, diz Nunes. Segundo ele, pesou ainda a redução no crescimento econômico brasileira.
As 500 mais. Ao todo, o estudo da Brand Finance (líder mundial em avaliação e gestão de marca), lista as 500 marcas bancárias mais valiosas do mundo. Além de Bradesco e Itaú, a edição 2012 tem ainda três bancos nacionais: Banco do Brasil, na 26.ª posição, US$ 7,26 bilhões); Banrisul (251.ª posição, US$ 346 milhões) e Banco do Nordeste (333.ª posição, US$ 219 milhões).
Com um valor de marca de US$ 27,59 bilhões, o primeiro lugar da lista ficou com o britânico HSBC, que pela primeira vez tirou o Bank of America do topo do ranking. O banco americano ficou em terceiro lugar, avaliado em US$ 22,9 bilhões, atrás do Wells Fargo (US$ 23,23 bilhões), também com sede nos EUA.
Segundo Nunes, o HSBC deve seu desempenho a uma estratégia de diversificação de risco que começou há alguns anos. “O banco montou operações em vários países e hoje é um dos mais globalizados. Como tem uma presença robusta na Ásia, a marca acabou se beneficiando da forte expansão da região”, afirma.