Bancos deixam 223 bancários doentes e afastados em Pernambuco em 2011

As péssimas condições de trabalho oferecidas pelos bancos deixaram 223 bancários doentes em Pernambuco no ano passado, o que é 18,85% maior que o de 2010. Todos esses trabalhadores foram afastados com doenças ocupacionais reconhecidas pelo INSS, que concedeu benefícios por incapacidade.

Esses dados estão no Anuário Estatístico sobre a Saúde dos Bancários de Pernambuco, lançado pelo Sindicato na segunda-feira, dia 23, como parte das atividades do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, que ocorre no dia 28 de abril.

Segundo o Anuário, os adoecimentos ainda foram causados, na sua maioria, pelas Lesões por Esforços Repetitivos, as LER/DORT. Dos 223 afastamentos ocorridos no ano passado, 117 foram ligados aos chamados distúrbios do sistema músculo-esquelético-ligamentar.

O Anuário mostra, no entanto, que as doenças psíquicas têm crescido assustadoramente. No ano passado, 43 bancários foram afastados com transtornos metais, um crescimento de 116% em seis anos.

Para o secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino, a negligência dos bancos com a saúde dos bancários salta aos olhos. “Pernambuco é um dos estados que mais tem crescido e se desenvolvido no Brasil. Os bancos, que se aproveitam deste desenvolvimento, estão abrindo mais e mais agências, sem contratar novos funcionários. Com isso, aumenta a exploração aos bancários e o número de doenças ocupacionais em nossa categoria”, explica.

Segundo Rufino, há outros fatores, além da exploração, que interferem diretamente na saúde do bancário. “A pressão desmedida pela venda de produtos e o assédio moral têm causado muito estresse nos bancários e repercutido em sua saúde física e mental. Os funcionários dos bancos também têm convivido diariamente com a insegurança, o que também impacta negativamente em sua saúde”, detalha.

Desrespeito

O anuário ainda revela que há uma subnotificação do número de acidentes de trabalho registrado pelos bancos, que também fogem das emissões da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). “Falta fiscalização e os bancos se aproveitam disso”, comenta Rufino.

Ao maquiar os números, as instituições financeiras tentam não engrossar a lista do Nexo Técnico Epidemiológico para diminuir os valores que pagam ao INSS com o Fator Acidentário Previdenciário.

“Ou seja, para ganhar mais dinheiro, os bancos sacrificam a saúde dos seus funcionários e ainda escondem o número de adoecimentos”, ressalta Rufino. “E o mais trágico é que todos os bancários que adoeceram foram considerados aptos ao trabalho pelos exames periódicos e até demissionais. A negligência também se estende ao Sesmt (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) dos bancos, que, salvo raras exceções, são omissos”, completa.

Ação e prevenção

Segundo Rufino, o objetivo do Anuário, criado pela atual diretoria do Sindicato, é aprofundar a discussão e execução de política de atenção à saúde dos bancários. “Estamos fazendo um verdadeiro Raio-X sobre o processo de trabalho e adoecimento dos bancários, compreendendo suas várias atividades, funções e cargos. Assim, queremos não só combater as doenças ocupacionais, como também preveni-las para evitar que outros bancários tenham sua saúde e qualidade de vida comprometidas”, finaliza o dirigente.

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