Agência Estado
Danielle Chaves
Os bancos portugueses enfrentarão duros desafios nos próximos anos, incluindo encontrar novas fontes de financiamento e lidar com o lento crescimento econômico doméstico que vai prejudicar seus lucros. O alerta foi feito pelo Banco de Portugal no relatório semestral sobre estabilidade financeira.
De acordo com o banco central português, as instituições financeiras do país terão de encontrar novos meios para se financiar no médio prazo à medida que o Banco Central Europeu (BCE) desativar os fundos emergenciais – o que, no entanto, não deve ser feito tão cedo.
Os bancos portugueses vêm tomando empréstimos do BCE porque as preocupações com a capacidade que eles têm de pagar os empréstimos tornou as taxas de juros nos mercados internacionais excessivamente altas. No total, o sistema bancário português tomou emprestados cerca de 40 bilhões de euros (US$ 52 bilhões) do BCE em cada um dos dois últimos meses, em comparação com cerca de 15 bilhões de euros no início deste ano.
O Banco de Portugal afirmou também que o crescente déficit do governo é responsável pelos problemas que os bancos do país estão enfrentando, diferentemente da Irlanda, cujo setor bancário levou o país a pedir ajuda financeira internacional. Também em contraste com Espanha e Irlanda, Portugal nunca teve uma bolha no setor imobiliário, em parte porque não houve interesse de investidores estrangeiros.
Os problemas de Portugal estão mais relacionados à incapacidade do país de crescer rápido o suficiente para conseguir pagar suas dívidas, segundo o banco central. “Dada a situação atual e o que nós podemos prever para os próximos anos, é pequena a probabilidade de que o sistema bancário de Portugal seja tão lucrativo quanto antes da crise”, escreveu a instituição.
Em meio à baixa esperança de crescimento forte, o governo português anunciou medidas de austeridade para reduzir sua dívida a 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano e essas medidas podem provocar aumento no desemprego, com consequente declínio nos gastos e nos empréstimos.
“Esses ajustes globais provavelmente terão um impacto negativo sobre a lucratividade do sistema bancário, mas, por outro lado, deverão ajudar a reforçar a estabilidade do sistema, fornecendo as condições necessárias para que os bancos resistam melhor a choques futuros”, disse o banco central português.