Bancos da China buscam capital novo depois de enorme concessão de crédito

Financial Times
Jamil Anderlini

Os quatro maiores bancos chineses de capital aberto poderão sofrer uma escassez de capital combinada de pelo menos 480 bilhões de yuans (US$ 70 bilhões) durante os próximos cinco anos, segundo o presidente do Banco Industrial e Comercial da China (BICC), o maior banco do mundo em valor de mercado.

Todos os maiores bancos da China anunciaram no mês passado planos visando levantar capital novo para fortalecer seus balanços patrimoniais, depois de uma farra de crédito sem precedentes no ano passado. Mas o total a captar está muito aquém da estimativa para cinco anos de Yang Kaisheng, presidente BICC.

Dada a enorme dimensão do déficit, os bancos terão muita dificuldade em depender apenas dos mercados de capitais chineses para suprir a diferença, escreveu Yang em artigo publicado ontem num jornal chinês.

Yang disse que sua estimativa de 480 bilhões de yuans inclui apenas o capital extra que seria necessário como resultado da expansão contínua do crédito, “mas se considerarmos os riscos de mercado e os riscos operacionais, o montante de capital necessário será maior”.

“Se os requisitos regulamentares ficarem mais rigorosos, então o déficit de capital será ainda mais severo”, escreveu ele.

Yang disse que sua estimativa baseou-se na atual adequação de capital exigida (11,5%), no crescimento do lucro líquido (12%) e no crescimento (de 15%) dos empréstimos durante os próximos cinco anos.

Como parte de uma resposta estatal à crise financeira, os bancos chineses concederam 9,6 trilhões de yuans em novos empréstimos no ano passado, mais do que o dobro do que emprestaram em 2008.

Uma solução para a esperada escassez de capital seria dar aos bancos maior liberdade para revender e securitizar empréstimos, escreveu Yang.

“O BICC tem promovido produtos de securitização e títulos garantidos por ativos há anos e embora ainda estejam em sua fase incipiente na China, o governo provavelmente os promoverá mais no futuro”, disse Liao Qiang, analista da S&P.

O governo chinês tem sido muito cauteloso quanto a permitir que os bancos executem operações de securitização de empréstimos.

Entre os quatro maiores bancos chineses com ações em bolsa, o BICC, o Banco de Comunicações e o Banco da China já anunciaram planos de vender títulos e ações conversíveis em Hong Kong e Xangai, ao passo que o Banco de Construção da China pretende levantar capital novo através de canais similares.

“Neste momento há um ambiente razoavelmente bom para levantar fundos e se quiserem apoiar mais o crescimento, os bancos precisarão efetivamente levantar mais capital”, disse Charlene Chu, analista da Fitch Ratings em Pequim.

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