Os bancos brasileiros iniciaram o ano de 2017 com mais demissões. Em janeiro foram fechados 989 postos de trabalho em todo o país. É o segundo pior resultado para o mês desde 2014, quando foram fechados 1.024 postos. Os estados com mais demissões foram São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, de acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada pela Contraf-CUT, nesta terça-feira (7).
A análise por setor de atividade econômica ainda demonstra que os bancos múltiplos, com carteira comercial, que engloba grandes instituições como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foram os principais responsáveis pelo saldo negativo. Juntos, fecharam 833 postos de trabalho, 84,2% do total.
Confira aqui gráficos e mais dados da pesquisa
Mulheres sofrem discriminação nos bancos
O estudo da Contraf-CUT, em parceria com o Dieese, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, também revela que mulheres bancárias continuam sendo discriminadas nos bancos.
As 944 mulheres admitidas no primeiro mês de 2017 receberam, em média, R$ 3.424,56. Esse valor corresponde a 70,1% da remuneração média auferida pelos homens contratados no mesmo período. A diferença de remuneração entre homens e mulheres é observada também na demissão. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos em janeiro recebiam R$ 5.620,09, o que representou 71,0% da remuneração média dos homens que foram desligados dos bancos.
Para Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, é inadmissível que os bancos continuem sem fazer nada para mudar este quadro. “O Dia Internacional da Mulher, que reflete sobre as lutas e reivindicações das mulheres por melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos, reafirma o que os bancos apresentam nesta nossa pesquisa: os bancos exploram e discriminam muito mais as mulheres do que os homens. Somos todos explorados, é verdade, mas as mulheres são mais. Elas apresentam melhor escolaridade que os homens dentro das instituições bancárias, mesmo assim os bancos continuam sem levar isso em conta e permanecem com uma política discriminatória por gênero. Elas também ocupam menos cargos de direção, tanto nos bancos privados, quanto nos públicos. Temos cobrado insistentemente da Fenaban que apresente medidas para acabar com o problema. É uma situação intolerável e vamos continuar lutando contra isso”, afirma.
Sobre o grande número de cortes de empregos em janeiro, Roberto von der Osten afirma que a postura adotada pelos bancos complica ainda mais a situação de caos no país e instabilidade política, social e econômica.
“ O Brasil só volta a crescer com geração de emprego e renda, temos o pior PIB da história, sob o comando de Temer, com recuo de 3,6%, divulgado hoje pelo IBGE. Os trabalhadores estão perdendo seus empregos e o país afundando, mas os bancos continuam a registrar altos lucros e deveriam ter uma postura responsável com o Brasil e seus funcionários, neste momento de tantas incertezas e ataques aos trabalhadores”, critica Roberto von der Osten.
Motivos dos Desligamentos
De acordo com a PEB, do total dos desligamentos ocorridos nos bancos (2.934), 67% foram sem justa causa, perfazendo 1.960 desligamentos. Os desligamentos a pedido do trabalhador representaram 26% do total (747 desligamentos).
Faixa Etária
Os bancários admitidos concentraram-se na faixa etária até 24 anos de idade, com saldo de emprego nessa faixa positivo em 718 postos. Os desligamentos se concentraram nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, entre 30 a 64 anos, que registrou um saldo negativo de 1.642 postos de trabalho (56,0% do total de postos fechados).
Tempo no emprego
Entre os 2.934 bancários desligados, a maior parte tinha 10 ou mais anos no emprego (1.015 cortes que correspondem a 34,6% do total). Outros 709 tinham entre 5 e 10 anos no emprego (24,2%). Ou seja, observa-se que o corte dos postos nos bancos se deu principalmente entre aqueles com maior tempo de casa, sendo compatível com o fato de serem os trabalhadores mais velhos.