Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi
Uma verdadeira enxurrada de captações externas de bancos brasileiros tomou conta do mercado internacional. Desde meados da semana passada foram levantados US$ 3,117 bilhões em diversos tipos de títulos, alguns deles especialmente inovadores.
O IOF de 6% ao ano no crédito externo anunciado em abril está embutido apenas nas transações de até dois anos. Por isso, os bancos têm captado com prazos superiores a isso.
Os investidores são atraídos pelos rendimentos dos papéis, altos para padrões internacionais, pelas perspectivas de crescimento do Brasil e pelo baixo risco percebido.
Nos prazos mais curtos, em torno de três anos, os bancos conseguem fazer arbitragem (ganhar com a diferença entre os juros externo e internos). Mas as instituições financeiras também têm obtido recursos no exterior para repagar dívida e para repassar para o crédito no Brasil.
“O funding local em reais de mais longo prazo é escasso mesmo para os bancos maiores, que procuram no mercado externo uma forma melhor de casar seus passivos com seus ativos”, diz Alexei Remizov, diretor-gerente do HSBC.
O Banco Votorantim lançou um total de R$ 1 bilhão (US$ 617 milhões, aproximadamente) em papéis de vencimento em cinco anos denominados em reais e lastreados na inflação medida pelo IPCA, na primeira transação desse tipo desde 2007, quando a Cesp lançou R$ 750 milhões também lastreados na inflação.
A transação foi liderada pelo Deutsche, Itaú Unibanco, BB Securities e pelo próprio Banco Votorantim. Os papéis pagaram rendimento de 6,25% ao ano. Títulos do governo brasileiro no mercado secundário interno também indexados ao IPCA e com cupom (juro nominal) pagam 6,66% para o vencimento em 2015 e 6,40% para o vencimento em 2017.
Já o Bradesco emitiu US$ 1,35 bilhão em papéis sob a liderança do Citigroup, Goldman Sachs e Bradesco BBI. Foram US$ 500 milhões em papéis em dólar com juros fixos, de vencimento em cinco anos, que pagaram rendimento de 4,198% ao ano, mais US$ 850 milhões em papéis com juros flutuantes, de prazo de vencimento em três anos, que pagaram rendimento de Libor (taxa interbancária de Londres) mais 210 pontos básicos.
Também o Banco Safra lançou ontem papéis no mercado externo de vencimento em três anos de US$ 300 milhões. O Barclays Capital, o Banco Safra (Cayman Islands) e o UBS estão liderando a captação externa do Safra.
Em meados da semana passada, o Santander Brasil captou um total de 150 milhões de francos suíços (US$ 174,7 milhões) com títulos que vencem em dezembro de 2014, em transação liderada pelo Credit Suisse e Royal Bank of Scotland.
Já o HSBC Brasil fechou emissão de US$ 500 milhões em eurobônus de vencimento em cinco anos e com rendimento de 4,064% ao ano, dentro de um programa global de notas de médio prazo de US$ 1 bilhão. O prêmio de risco sobre os títulos do Tesouro dos Estados Unidos ficou em 212,5 pontos básicos.
Por fim o Fibra lançou US$ 175 milhões em títulos de vencimento em três anos e pagou rendimento de 5,875% ao ano, em transação liderada pelo Safra. (Com agências internacionais)