Os lucros líquidos de dois grandes bancos privados brasileiros, Santander e Bradesco, divulgados nesta semana cresceram no terceiro trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior. Mesmo com o crescimento dos lucros, os bancos aumentaram o ritmo de demissões de bancários, em descumprimento do compromisso assumido no início do ano de não demitirem durante a pandemia do novo coronavírus. Nesta quinta-feira (29), houve protestos contra demissões em todo o Brasil. As manifestações foram nas unidades do Bradesco, mas em alguns estados houve atos em agências do Santander e do Itaú.
Na terça-feira (27), o Santander divulgou o balanço do terceiro trimestre de 2020, com lucro líquido contábil de R$ 3,811 bilhões, alta de 88,2% em relação ao trimestre anterior. Na quarta-feira, foi a vez do Bradesco, que registrou lucro líquido contábil de R$ 4,194 bilhões no terceiro trimestre de 2020. Nos três meses anteriores, o lucro foi de R$ 3,506 bilhões.
Apesar de os lucros estarem crescendo, o Santander acelerou o ritmo das demissões este ano. O banco demitiu 2.045 funcionários no Brasil entre o início de abril e o fim de setembro, os meses mais agudos da pandemia. Já o Bradesco demitiu 1.224 trabalhadores desde o dia 28 de setembro, de acordo com a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do banco. No terceiro trimestre, o Bradesco fechou 372 agências e projeta fechar 500.
“Frente à crise, os bancos privados estão implementando rápidos cortes de despesas, inclusive a de pessoal, para recompor as margens de lucro. Mesmo com este cenário, não aceitam lucrar menos, preferem desempregar milhares de trabalhadores”, declarou Bárbara Vallejos, doutoranda em Desenvolvimento Econômico e técnica do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese).
Os bancos já demitiram mais de 12 mil trabalhadores este ano, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. O ritmo das demissões vem aumentando nos últimos meses. Em junho, foram registradas 1.363 demissões, número que sobe para 1.634 em julho e atinge 1.841 em agosto.
Dia Nacional de Luta Contra as Demissões
O aumento dos desligamentos motivou a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e o movimento sindical bancário em todo o país a fazerem a campanha contra as demissões. Nesta quinta-feira (29), houve manifestações em todo o país contra as demissões nos bancos. O maior protesto ocorreu nas unidades do Bradesco. Foi o Dia Nacional de Luta Contra as Demissões no Bradesco. Em alguns estados, houve adesões às manifestações em agências do Itaú e do Santander.
“As paralizações foram muito boas. Onde não paralisou, houve atos de protesto ou retardamento da abertura. Mas a direção do banco não quer conversar. Mesmo com esse lucro altíssimo, o presidente do banco anuncia o fechamento de mais de 1.100 agências até o final do ano. Para ele, trabalhador é ‘mato alto’, que precisa ser cortado”, declarou Magaly Fagundes, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco.
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Nesta sexta-feira (30), os protestos continuam em todo o país. Será organizado um tuitaço para protestar contra a postura dos bancos de intensificar as demissões neste segundo semestre. O tuitaço será às 11h com a hashtag #QuemLucraNãoDemite.