Valor Econômico
Assis Moreira, de Bruxelas
O Banco Europeu de Investimentos (BEI) aprovou um financiamento de ? 500 milhões para o BNDES e examinará no dia 26 um crédito de ? 200 milhões para a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), ampliando sua exposição no Brasil.
A instituição financeira de longa prazo da União Europeia (UE) também aprovou em dezembro um empréstimo de ? 130 milhões para a Arcellor Mittal modernizar três fábricas no Espírito Santo, representando um terço do pacote estimado de 347 milhões pelo grupo siderúrgico.
Além disso, vários projetos no país estão no “pipeline” do BEI, que financia investimentos públicos e privados que se encaixam em objetivos de política geral europeia. A vantagem é o custo do dinheiro com taxas abaixo das cobradas no mercado.
Uma delegação do banco europeu comandada pelo vice-presidente Carlos da Silva Costa estará no dia 24 no país, refletindo o crescente interesse pelo Brasil, um dos mercados mais promissores para companhias europeias em plena crise.
A ideia é analisar novas oportunidades de investimento, como em áreas de sustentabilidade ambiental. O BEI se dispõe a financiar também investimentos brasileiros nos 27 países do bloco europeu.
O volume de financiamento que o BEI está aprovando em dois meses (dezembro e janeiro) para o Brasil é bem elevado, comparado ao estoque de ? 1,4 bilhão destinado a 24 projetos no passado.
O crédito para o BNDES, que será anunciado nos próximos dias, cobre metade do projeto de ? 1 bilhão que o banco brasileiro quer destinar a pequenas e médias empresas investirem em energia renovável e eficiência energética. Em 2009, o BNDES arquivou discretamente uma operação de US$ 800 milhões acertada com a China, por considerar o custo do financiamento chinês elevado comparado às taxas cobradas por outros bancos oficiais de desenvolvimento.
Para a Comgás, o crédito em avaliação no Banco Europeu de Investimentos representa um terço do volume de 652 milhões de um projeto para a empresa expandir a distribuição de gás na grande São Paulo.
De maneira geral, os projetos financiados no Brasil apoiaram investimento direto europeu e transferência de tecnologia. Sua carteira no país apoiou investimentos do setor privado, como Vivo, Continental, Michelin, Pirelli, TIM, Telefônica, Itaú BBA, Volkswagen, Mercedes e Veracel, e ainda o gasoduto Bolívia-Brasil, segundo a instituição sediada em Luxemburgo.
No Brasil, o BEI propõe empréstimos a médio e longo prazo. Pode financiar até 50% do custo de um projeto, mas no geral limita-se a um terço desse custo, complementando financiamentos de outras instituições. Pelo plano operacional para 2010-2012, o banco planeja fechar este ano com um volume de financiamentos assinados de ? 75 bilhões, globalmente, similar ao volume do ano passado.