A presidenta Dilma Rousseff classificou nesta quarta-feira (16) como “completamente satisfatória” a criação do banco do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), formalizado ontem (15), em Fortaleza, no Ceará, durante a sexta reunião de cúpula do bloco e que ela não significa que esses países deixarão de participar de outras instituições multilaterais, como o G20, por exemplo. Dilma negou ainda que o Brasil tenha “cedido” presidência do novo banco aos indianos. “O Brasil não cedeu porque não tinha, não era dono”, disse.
Segundo a presidenta, o banco do Brics cria uma rede de proteção para os cinco países e muda as condições de financiamento dos integrantes do bloco. “Um dos pontos da pauta de ontem foi o problema da reforma acertada no G20, das instituições financeiras multilaterais, como o FMI, por exemplo. Porque, na distribuição de cotas do FMI, não está refletido o poder, a correlação de forças econômicas dos países que integram o G20, que são as 20 maiores economias do mundo”, frisou Dilma.
Logo após assinar acordos bilaterais com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, Dilma voltou a defender mudanças no FMI. “Não temos o menor interesse em abrir mão do fundo monetário. Pelo contrário: temos interesse em democratizá-lo e torná-lo mais representativo. O novo banco dos Brics não é contra, ele é a favor de nós. É diferente. É uma postura completamente diferente. E terá sempre uma postura diferenciada em relação aos países em desenvolvimento”, acrescentou a presidenta.
A presidenta comentou as críticas de que o Brasil teria “cedido” a presidência do banco. “Se a gente tivesse ficado com a primeira vice-presidência, a imprensa estaria dizendo ‘O Brasil perdeu a sede’. O que se trata é de um banco gerido por um conselho de administração – que o Brasil preside; por um conselho de ministros – que a Rússia preside; por um presidente – que é da Índia e tem o primeiro banco localizado lá na China”.
Ela acrescentou que o banco terá escritório na Ásia e na África e depois na América Latina. “Isso significará uma forma de gerir o banco que vai ser a mesma forma que os Brics têm. Então, é absolutamente, eu diria assim, inadequado, avaliar o resultado dessa cúpula assim. Cada país tem o seu papel e vai tendo em várias outras esferas, sistematicamente”.