Banco do Brasil está perto de aquisição de instituição financeira nos EUA

O Estado de S.Paulo
Leandro Modé

O Banco do Brasil (BB) está na fase final do processo para comprar uma instituição financeira nos Estados Unidos. Depois de olhar 10 opções, o banco brasileiro reduziu a lista para três nomes: dois estão na região de Nova York/Nova Jersey e um na Flórida. As duas localidades concentram a maior parte da colônia brasileira no país, que chega a 1,5 milhão de pessoas.

“Pretendemos definir a escolha ainda neste mês”, afirmou ao Estado o vice-presidente de Negócios Internacionais e Atacado do BB, Allan Toledo. “A ideia é tentar fazer o mais rapidamente possível.” O executivo observou, no entanto, que se trata de uma negociação complexa.

Após a explosão da crise financeira, em setembro de 2008, cerca de 700 bancos foram colocados à venda nos Estados Unidos. O BB fez uma pré-seleção até chegar aos 10 nomes iniciais e, depois, aos três que analisa hoje.

A partir de 2009, o banco estatal implementou uma agenda de internacionalização. Em abril deste ano, anunciou a compra do argentino Patagonia. Em agosto, ao lado do Bradesco e do português Banco Espírito Santo (BES), divulgou a intenção de expandir-se no continente africano, em países como Angola e Cabo Verde.

Também em abril, o BB recebeu autorização do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para atuar no país como banco comercial. A partir daí, intensificou a busca por uma instituição financeira americana.

Toledo explicou que a intenção do BB é atuar como banco de varejo, com foco não só nos potenciais clientes brasileiros, mas sul-americanos em geral. “O objetivo é conquistar 400 mil contas em um prazo de cinco anos”, afirmou.

No Japão, exemplificou, 15% da clientela do BB é de sul-americanos. No país asiático, o banco oferece atendimento de varejo, cartão de crédito, poupança e serviços de remessa de recursos para o exterior. O público potencial no Japão é de 280 mil brasileiros que lá vivem.

O executivo afirmou que o BB não encontrou nenhuma instituição, entre as analisadas, que tenha agências nas duas regiões de concentração dos brasileiros. Por isso, ele não descarta, no futuro, a compra de uma segunda instituição. A outra opção é crescer organicamente a estrutura do banco a ser comprado – que, de acordo com ele, será de pequeno porte.

Corretora. O BB também acaba de anunciar a abertura de uma corretora em Miami. Assim como ocorreu na licença para atuar como banco comercial nos EUA, a instituição aguardava autorização das autoridades reguladoras americanas para criar a corretora. O sinal verde foi dado na terça-feira passada.

Miami é a sede da operação de private banking do BB no país. A unidade é voltada, principalmente, para clientes brasileiros de alta renda que investem no exterior. “Com a corretora, podemos oferecer mais serviços aos nossos 10 mil clientes”, comentou Toledo. “Antes, precisávamos executar as ordens de compra e venda de ações por meio de nossa agência em Nova York, o que tirava agilidade do processo. Sem falar que, às vezes, havia diferença de horário.”

O private banking de Miami tem uma captação total de US$ 1,5 bilhão. A estrutura da corretora será de quatro profissionais.

A estrutura de Nova York concentra a clientela de pessoas jurídicas do BB no país. Por isso, a captação total é mais de três vezes superior à de Miami – US$ 5 bilhões. A agência de Nova York foi aberta pelo Banco do Brasil em 1969 e a de Miami, exatamente dez anos mais tarde.

A internacionalização tornou-se estratégica para os maiores bancos de varejo do País – sobretudo BB e Itaú Unibanco – porque, segundo avaliam analistas e executivos do setor, o mercado nacional já está consolidado.

Para lembrar: Banco quer se expandir no exterior

O Banco do Brasil (BB) anunciou em abril sua primeira compra no exterior nos mais de 200 anos de história: o banco Patagonia, na Argentina. A instituição pagou US$ 480 milhões para adquirir 51% das ações do banco argentino. Em agosto, o BB, em parceria com o Bradesco e o Banco Espírito Santo (BES, líder em Portugal), divulgou a intenção de ampliar suas operações no continente africano, em países como Angola e Cabo Verde.

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