Banco do Brasil e Bradesco inauguram unidades na Ásia em 2012

Fernando Travaglini
Valor Econômico – São Paulo

Os bancos nacionais estão firmes nas suas estratégias para se tornar uma alternativa a instituições financeiras estrangeiras na coordenação de emissões internacionais de ações e dívida para as companhias nacionais. A maior deficiência, o acesso aos investidores externos, começa aos poucos a ser vencida.

O Banco do Brasil começa a operar em 2 de janeiro seu novo escritório de distribuição de títulos no exterior, em Cingapura. A unidade da BB Securities será a terceira, e se une a Londres e Nova York para auxiliar na colocação de bônus de empresas brasileiras para os fundos internacionais da região.

Já o Bradesco espera que até fevereiro sua unidade em Hong Kong esteja ativa. “As empresas brasileiras hoje preferem que os bancos brasileiros levem suas companhias para o exterior”, garante Sérgio Clemente, diretor-executivo do Bradesco.

Esse movimento teve início durante a crise de 2008, quando os bancos americanos e europeus se retraíram em meio às turbulências globais. Os brasileiros aproveitaram o espaço, reforçaram suas equipes com profissionais das próprias instituições estrangeiras e passaram a liderar diversas operações, algumas delas sem a participação dos bancos estrangeiros.

Segundo Eduardo Nascimento, diretor-executivo da BB Securities Londres, a demanda dos fundos asiáticos, incluindo os soberanos, é crescente por dívida brasileira, o que justifica o novo escritório. Ele cita como exemplo a captação da Petrobras, que mesmo em euros atraiu pouco menos de 10% das compras por aplicadores da região.

O BB deve contratar cinco profissionais para trabalhar com Rodrigo Afonso, que comandará o escritório. “A unidade servirá como um ‘hub’ para toda a Ásia”, diz Afonso. Já o Bradesco pretende contratar quatro profissionais para atuar em Hong Kong. O Itaú BBA já tem uma unidade de distribuição por lá.

O próximo ano promete ser tão difícil quanto foi o segundo semestre de 2011, devido à crise, mas o mercado asiático pode se consolidar como um importante canal para atração de recursos.

O secretário adjunto da dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, afirmou recentemente que o Brasil pode fazer uma emissão na moeda chinesa, o yuan, pela primeira vez na história. O objetivo é criar um referencial que poderá ajudar empresas brasileiras a também emitir papéis de dívida no mercado chinês, estratégia bastante usada pelo Tesouro para fomentar o mercado.

As empresas e bancos estão de olho nos fundos da região, como o Temasek, ligado ao governo de Cingapura, que atingiu um volume de R$ 250 bilhões em investimentos totais e no início do ano comprou uma participação na Odebrecht Óleo e Gás.

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