Banco do Brasil disputa com Caixa liderança do crédito universitário

Luciano Máximo
Valor Econômico | De São Paulo

O Banco do Brasil aproveitou a expansão de mais de 100% das matrículas do ensino superior privado na última década para explorar novo nicho de empréstimos e, em menos de três anos de atuação, mostra disposição para desbancar a Caixa Econômica Federal da liderança na oferta de contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa de crédito universitário do Ministério da Educação (MEC).

Ciente de que o país tem hoje mais de 5 milhões de estudantes matriculados em faculdades particulares, potenciais alvos do Fies, o Banco do Brasil tem mobilizado sua força de vendas e apostado na presença em colégios e campi universitários com estandes, palestras sobre educação financeira e distribuição de material de divulgação. O resultado é que de agosto de 2010 até dezembro deste ano o fechamento de contratos do Fies saltou de 2.254 para 180.185. O volume de desembolsos acumulado no período ronda os R$ 8 bilhões, com cerca de 230 mil contratantes.

Em dois anos e meio de atuação com os financiamentos do Fies – criado em 2001 para operação exclusiva da Caixa -, o Banco do Brasil abocanhou 49,5% do mercado que pertencia ao concorrente federal. Mesmo com o avanço do BB, as contratações do Fies pela Caixa registraram forte crescimento entre 2010 e 2012, de 150%. Neste ano foram 184.011 estudantes financiados pelo banco federal, que viu sua participação de mercado cair de 97% há dois anos para 50,5% atualmente.

Embora a concorrência envolva somente bancos públicos, que atuam como agente financeiro do MEC para o Fies, executivos das duas instituições defendem a liderança nesse nicho, cuja tendência é de forte demanda. “Trabalhamos com muita proatividade, estabelecemos parcerias e fazemos eventos com grupos de universidades e colégios em vários períodos do ano. Há muita gente que está com dificuldade de honrar a mensalidade e não conhece o Fies, que é uma ferramenta de inclusão ao ensino superior”, diz Marcelo Labuto, diretor de empréstimos e financiamentos do BB.

Labuto enxerga uma demanda de dez milhões de alunos no ensino superior privado até 2020. O dado é confirmado pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para quem o maior atrativo do Fies para os bancos é o baixo custo operacional e a velocidade do crescimento das contratações. “Prova disso são os 4 milhões de jovens que fizeram o Enem em busca de uma vaga na universidade. É um tsunami social”, destaca.

Édilo Valadares, diretor-executivo de pessoa física da Caixa, acredita que o ritmo de expansão dos empréstimos do Fies nos últimos três anos será mantido em 2013 e nos próximos. “A Caixa era o único agente financeiro, é normal a redução de ‘market share’ com a entrada de novos agentes, mas somos líder e vamos manter a liderança.”

O Fies foi instituído pela lei nº 10.260, de 2001. O programa financia 100% da mensalidade do estudantes durante toda a graduação. É elegível ao programa universitários com renda familiar mensal de até 20 salários mínimos. O Fies só vale para cursos credenciados e com boa nota nas avaliações do MEC. Caso seja reprovado, o aluno pode perder o benefício. “Nesses dois anos e meio não vi nenhum caso desse tipo”, conta Labuto.

A dívida do Fies só começa a ser paga quando o bolsista conquista o diploma. São parcelas mensais acrescidas de juro de 3,4% ao ano. “Ainda não entramos nas amortizações, mas a percepção de inadimplência está em linha com as nossas prática”, diz Labuto.

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