Carolina Mandl, Talita Moreira e Felipe Marques
Valor Econômico
O Banco do Brasil aumentou, do começo do ano até setembro, o valor de sete tarifas cobradas entre produtos e serviços bancários mais usados pelos correntistas. Em apenas um deles a taxa caiu na mesma comparação. Os dados são do Banco Central.
Desses sete aumentos, quatro foram feitos antes de abril, quando o governo começou a forçar as instituições financeiras a baixar os juros das operações de crédito. Três elevações foram posteriores a abril – o que mostra que, em parte, o ajuste das tarifas precedeu o cortes nos juros de empréstimos.
A taxa que mais subiu no período foi a da “Exclusão do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo”, que ganhou um incremento de R$ 3, chegando a R$ 39,18. O BB subiu também três taxas relativas à emissão de extratos bancários, que agora custam até R$ 2,00. Duas modalidades de extratos foram encarecidas em R$ 0,20 e a terceira, em R$ 0,40. A taxa cobrada em depósitos identificados subiu R$ 0,40 e ficou em R$ 3,10. Em dois tipos de saque, a taxa subiu R$ 0,10 e passou a ser de R$ 1,70.
A única modalidade em que houve queda na tarifa foi no inusitado “Pagamento de contas utilizando a função crédito em espécie”. A tarifa cobrada pelo BB por esse serviço era de R$ 15,00 em janeiro e encolheu para R$ 3,00 em setembro.
O BB vai anunciar hoje a redução das tarifas de sete produtos que foram reajustadas no início do ano. A medida segue decisão do Ministério da Fazenda, que tem o objetivo de forçar os bancos privados a seguir o exemplo e fazer o mesmo. É a mesma estratégia adotada pelo governo quando passou a pressionar os bancos a reduzir as taxas de juros das operações de crédito. A queda começou pelo BB e pela Caixa Econômica Federal e, apesar das queixas iniciais, os bancos privados seguiram o mesmo caminho.
Em reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dirigentes do BB alegaram que o banco não corrigia suas tarifas desde 2008. A instituição explicou que os reajustes, em alguns casos, não chegaram sequer a repor a inflação do período. No entanto, Mantega argumentou que este não é o melhor momento para elevar tarifas, já que o aumento destoaria do esforço do governo para reduzir as taxas de juros ao consumidor.
Números disponíveis nas demonstrações financeiras do Banco do Brasil indicam que as tarifas estão ajudando a impulsionar a instituição neste ano. Se no início de 2012 a instituição projetava que as rendas de tarifas cresceriam entre 13% e 18% neste ano, até junho o banco já estava acima da meta, com alta de 21% na comparação com igual mês de 2011.
“As receitas com tarifas encerraram o primeiro semestre de 2012 com montante de R$ 10,3 bilhões, desempenho 21,3% superior ao observado no primeiro semestre de 2011. O bom desempenho desta linha foi impulsionado pelo aumento da oferta de crédito, a reformulação da estrutura de atendimento, a estratégia em rentabilizar a atual base de clientes do BB e o programa ‘BomPraTodos'”, disse o banco em relatório a investidores.
As receitas provenientes das tarifas bancárias cresceram significativamente mais que a base de clientes do Banco do Brasil, o que mostra que são, em boa parte, fruto de reajustes.
O BB terminou junho com 57,5 milhões de clientes, o que representa aumento de 4,2% frente a igual mês do ano passado. Se considerado apenas o número de correntistas, a expansão foi ainda mais modesta: o total passou de 35,6 milhões em dezembro do ano passado para 36,7 milhões seis meses mais tarde, com alta de 3,1%.
No relatório que acompanha o balanço, o BB atribui o crescimento na receita de tarifas ao aumento do volume de negócios da instituição. “A expansão da oferta de crédito, a forte atuação do banco no segmento de varejo, com foco no atendimento e rentabilização da base de clientes, e o programa BomPraTodos favoreceram a expansão do volume de negócios, contribuindo para o crescimento e a diversificação das receitas de tarifas”, afirma.