Banco chinês deve concluir IPO recorde de US$ 22,1 bilhões

Financial Times
Robert Cookson, de Hong Kong

O Agricultural Bank of China está se preparando para captar até US$ 22,1 bilhões na maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do mundo, realçando a solidez da fé do investidor no crescimento da economia chinesa.

O AgBank, último dos grandes bancos estatais da China a lançar ações no mercado, conseguiu completar a sua oferta num período quando os mercados globais desabaram e dezenas de emissões iniciais foram descartadas. A operação ressalta o otimismo do investidor sobre os bancos chineses, mesmo num momento em que seus pares no Ocidente estão vergados por empréstimos incobráveis na esteira da crise financeira.

Os investidores apostam também que entidades estatais na China apoiarão o politicamente importante registro em bolsa para assegurar o seu sucesso, pelo menos no curto prazo.

Há temores, porém, de que as ações possam cair na sua estreia em Hong Kong e Xangai na próxima semana, depois as ações tiveram seu preço estipulado na noite passada na direção do limite máximo das variações nas quais foram comercializadas aos investidores.

O AgBank levantou um total de US$ 10,4 bilhões em Kong Kong e US$ 8,8 bilhões em Xangai, totalizando US$ 19,2 bilhões. Uma opção de lote suplementar para incentivar a oferta de ações em 15% poderá ampliar a receita para US$ 22,1 bilhões, transformando-a na maior emissão inicial de ações da história.

Dada a demanda pelas ações – a procura pelos papéis superou a oferta em mais de 10 vezes em Hong Kong e em mais de 20 vezes em Xangai -, executivos de bancos dizem que é provável que o lote adicional seja exercido. O AgBank gostaria de ver seu registro em bolsa superar o recorde de US$ 21,9 bilhões captado pelo Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) em 2006, de acordo com pessoas próximas do negócio.

O AgBank foi o último dos grandes bancos da China a ser recapitalizado nos preparativos para uma emissão inicial de ações e geralmente ele é considerado o mais frágil dentre as maiores instituições de crédito. Os investidores, contudo, apoiaram a emissão inicial com base no fato de o AgBank, que tem 24 mil agências, principalmente nas regiões rurais, e 320 milhões de clientes de varejo, estar bem posicionado para se beneficiar do crescimento.

Alguns investidores resistiram em comprar uma parcela da emissão inicial na crença de que o preço das ações não foi estipulado a um ágio suficientemente elevado em relação com os pares mais fortes do AgBank, o ICBC e o China Construction Bank.

Também há temores de que os bancos chineses possam sofrer um aumento nos empréstimos incobráveis nos próximos anos, na esteira de uma farra de concessões de empréstimos sem precedentes em 2009 e 2010.

Todos os bancos de grande porte da China anunciaram planos para captar dezenas de bilhões de dólares visando atender as exigências reguladoras mais rigorosas e para repor capital. A abertura de capital do AgBank encerra uma era de enormes reformas das grandes instituições de crédito do país, num processo que consumiu uma década. A maioria dos bancos agora foi colocada em pé de igualdade comercial e estima-se que seus executivos os administrem visando obter lucro. O partido comunista dirigente, porém, retém poder absoluto sobre as nomeações dos executivos mais graduados, conferindo aos líderes principais o poder de intervir para direcionar o crédito quando julgarem conveniente.

O AgBank vendeu 25,4 bilhões de ações a 3,20 dólares de Hong Kong cada, na comparação com sua faixa de variação original de 2,88 a 3,48 dólares de Hong Kong. O banco também vendeu 22,24 bilhões de ações em Xangai a 2,68 yuans cada, no limite superior da sua faixa de variação.

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